SÃO LUÍS - O juiz da 9ª Vara Criminal de São Luís, José Afonso Bezerra de Lima, está ouvindo as testemunhas arroladas em processo contra um pastor acusado de molestar cinco meninas, filhas de congregados de uma igreja evangélica da capital, onde o religioso trabalhava. Em audiência, no Fórum Desembargador Sarney Costa, nesta terça-feira (25), o magistrado ouviu pais das vítimas.
O pastor foi denunciado pelo Ministério Público pela prática de crime de atentado violento ao pudor com violência presumida, bem como estupro de vulnerável. De acordo com informações obtidas pela Assessoria de Comunicação da Corregedoria da Justiça, o crime começou a ser praticado em 2007, mas apenas em 2011 os pais souberam dos abusos, levando ao conhecimento da polícia no ano seguinte. Em 2013 a denúncia da promotoria especializada chegou ao Judiciário.
Consta na denúncia que o religioso valia-se da confiança oriunda de sua função de pastor para praticar atos libidinosos contra as vítimas, que na época dos crimes eram menores de 14 anos. A relação de confiança advinha do fato de que o pastor era figura íntima das famílias, pois costumava visitar as residências dos congregados, além de promover eventos na chácara da igreja, conforme relatos das testemunhas e das meninas.
Informações dos autos, revelam que geralmente os fatos aconteciam nas casas das próprias vítimas, em momentos que os pais estavam ausentes. Sempre com alguma desculpa, o pastor tocava partes íntimas das meninas, valendo-se de justificativas religiosas, que também fundamentaram a prática de casos ocorridos no sítio da congregação.
“Clínica espiritual”– Ainda de acordo com a denúncia, o pastor promovia encontros chamados de clínica espiritual, criando situações para que as adolescentes participassem dos encontros, que deveriam ocorrer com a presença de uma pastora. Aproveitando-se novamente da ausência dos pais, ele ia sozinho até a casa, com o discurso de que estava lá para fazer o ritual, e abusava das vítimas.
Procurado pela mãe de uma das meninas, o pastor pediu perdão e alegou que tudo não havia passado de uma “pressão demoníaca” e pediu para não ser denunciado. Quando outras pessoas da igreja ficaram sabendo do fato, passaram a questionar os próprios filhos sobre possíveis episódios semelhantes, sendo relatados outros casos. Ao tomar conhecimento do caso, um conselho foi instalado e decidiu pelo afastamento do pastor da igreja.
Ouvido na delegacia, o pastor negou as denúncias. Consta no processo que o religioso teria ido até as casas das vítimas pedir desculpa aos pais das garotas.
O Ministério Público requereu a dispensa de oitiva das vítimas nas audiências, para prevenir a prática de revitimização – que ocorre quando a vítima, ao dar depoimento, revive o sofrimento emocional e psicologico pela lembrança da violência a que fora submetida. Também pediu o encaminhamento das menores para atendimento multidisciplinar. O processo contra o religioso tramita em segredo de Justiça.
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