Caso Décio Sá

Caso Décio Sá: testemunhas afirmam que se sentiram coagidas durante investigação

Três pessoas ouvidas, na tarde desta segunda-feira (3), mudaram parte de seus depoimentos no julgamento.

Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h58

SÃO LUÍS - Durante a tarde desta segunda-feira (3), foram ouvidas mais três testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério Público, no julgamento dos acusados de assassinar o jornalista Décio Sá. As testemunhas se negaram a prestar depoimento na presença dos acusados, pois como reconheceram Jhonathan como o executor, durante as investigações, elas acharam melhor não se expor diante dos réus. Ambos os depoentes afirmaram ter visto Jhonathan apenas de costas. Ao serem questionadas pela promotoria sobre como conseguiram reconhecer o assassino, eles afirmaram que foi possível saber pelo ‘porte físico’, pois o viram chegar ao bar e executar o jornalista.

Durante o depoimento, uma das testemunhas afirmou que ouviu Décio falar ao telefone: “Você dorme demais”. O depoente disse, ainda, que viu o assassino chegar ao bar e disparar tiros na cabeça do jornalista. “Quando ele (a vítima) viu o assassino, disse: ‘Que isso rapaz, pra quê isso?’. Após ele matar o rapaz, saiu do bar e seguiu para a moto que estava do outro lado da Avenida. Tinha uma pessoa esperando por ele, mas como tava longe não deu pra ver quem era. Só sei que ele estava de capacete”, afirmou a testemunha.

Outro depoente falou, também, a respeito do momento da execução de Décio. Ele afirmou que o assassino pegou no ombro do jornalista e o virou de frente pra ele antes de executá-lo. “Quando Décio o viu, perguntou: Que isso rapaz?”, afirmou. Sobre o medo de prestar depoimento na presença dos acusados, a testemunha disse “Não queria que eles me vissem, é um direito meu”.

Ambos os depoentes afirmaram ter informações nos depoimentos, que eles assinaram durante as investigações, que não condizem com o que falaram, de fato, no depoimento. Eles afirmaram que se sentiram pressionados durante os primeiros depoimentos e que muita coisa que estava escrita, não foi dita de verdade.

Outra testemunha de acusação prestou depoimento contraditório em relação aos primeiros depoimentos dados durante a acareação. O principal ponto de contradição da testemunha foi quanto ao fato de Jhonathan ter frequentado a chácara de José Raimundo Sales Chaves Júnior (o Júnior Bolinha). No primeiro depoimento, o depoente afirmou que durante uma festa realizada na chácara, viu um carro preto chegar com três homens, que seriam o Jhonathan, o Shirliano e o Gleison. Já diante do júri, a testemunha negou essa informação, e disse que na verdade não se lembrava de ter visto o Jhonathan na chácara. “Eu o conheço só por televisão”, afirmou.

Ao ser questionado pela promotoria sobre o porquê de ter assinado um depoimento que não condizia com a verdade, a testemunha afirmou que durante as investigações e sentiu coagido e temeroso, pois lhe disseram palavras que o intimidaram.

“Me falaram que já sabiam de tudo e só queriam que eu falasse. E ainda me disseram: ‘Você quer ficar preso aqui com eles. Você sabe que tem uma bronca com a Justiça não é?’. Foi por isso que me senti pressionado e falei aquelas coisas”, alegou.

As testemunhas foram ouvidas até às 19h desta segunda-feira (3). Nesta terça-feira (4), o julgamento continua.

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