No Senado

'Não disse que não o conheço', diz Lupi sobre dirigente de ONG

Na semana passada, disse que não mantém relação pessoal com Meira.

Sandro Lima/G1

Atualizada em 27/03/2022 às 12h30

BRASÍLIA - O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, negou nesta quinta-feira (17), em depoimento à Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que tenha mentido ao afirmar que não conhecia o empresário Adair Meira, dirigente de ONGs posteriormente beneficiadas por convênios com a pasta. O ministro teria usado, durante viagens ao Maranhão em 2009, um avião pago por Adair Meira.

Na última quinta (10), Lupi foi à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara para falar sobre o suposto esquema de desvio de verbas públicas e negou ter relações com Meira. "Nunca andei em jatinho de Adair, não o conheço (...) Não tenho nenhum tipo de relação com ele",” disse Lupi na ocasião.

Nesta quinta, ele leu o trecho das notas taquigráficas de sua fala na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara em que disse não ter relação com Meira ou utilizado aeronave do empresário. "Eu não menti. Eu não disse em nenhum momento que não andei na aeronave."

No início desta semana, foi divulgada uma foto de Lupi desembarcando em um turbo-hélice King Air. Em nota divulgada na semana passada, o Ministério do Trabalho havia dito que, durante a viagem ao Maranhão, o ministro andou somente em um bimotor Sêneca “de responsabilidade do PDT”.

O empresário Adair Meira contradisse Lupi ao afirmar que esteve com o ministro na mesma aeronave em um dos trechos da viagem. Ele confirmou ter intermediado o aluguel do King Air, mas negou ter arcado com os custos.

Durante o depoimento do ministro no Senado, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que Lupi cometeu crime de responsabilidade ao “mentir” em depoimento Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara na semana passada. "Vossa Excelência mentiu ao dizer que não viajou naquele avião e agora disse que viajou", afirmou o senador.

Explicação

Nesta quinta, Lupi explicou as declarações sobre seu relacionamento com Meira. "Nunca neguei que o conheço (Adair). Eu disse que não tinha relação (com ele), o que é diferente", afirmou. No depoimento, Lupi disse que conheceu Adair em 2009, durante viagem ao Maranhão, quando utilizaram a mesma aeronave.

Sobre a viagem ao Maranhão, Lupi disse que por ser uma atividade partidária, pediu ao PDT que organizasse a viagem e que não tomou conhecimento sobre como foram pagas as aeronaves. "Eu não pedi aeronave, não tenho obrigação de saber. Então eu quero saber do que estou sendo acusado."

Lupi, também, afirmou que utilizou a aeronave a convite de Ezequiel Nascimento, ex-secretário de Políticas Públicas e Emprego. "Fui convidado por Ezequiel para entrar no avião."

Adair Meira disse que recomendou a Nascimento que alugasse o King Air utilizado por Lupi no Maranhão.

O ministro disse ainda que “não é crime conhecer as pessoas” e que tem a “melhor referência” sobre as instituições dirigidas por Adair. Lupi reclamou de uma “tentativa de linchamento” contra ele e de um “processo de ataques que não se sustenta”.

PDT

Os senadores do PDT presentes na comissão tiveram posicionamento distinto em relação às denúncias. Acir Gurcacz (RO) defendeu Lupi e disse ter confiança nele. “Sabemos de sua vontade de trabalhar, de sua lisura e de sua presteza em vir esclarecer as denúncias”, afirmou Gurcacz.

Pedro Taques (MT) disse que na esfera jurídica, a presunção de inocência é um direito fundamental e que as denúncias contra Lupi serão tratadas em seu devido tempo. No campo político, porém, Taques afirmou que Lupi e o partido não têm mais condições de permanecer à frente da pasta. "Entendo que o PDT deixe o ministério, penso que a questão jurídica vai ser tratada a seu tempo (...). Politicamente, não temos condições de exercer esse ministério, devemos apear desse ministério", afirmou Taques.

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