SÃO LUÍS - Onze operários já morreram em canteiros de obras da construção civil em São Luís somente este ano. A informação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Humberto Mendes, que aponta como principais fatores responsáveis pelas mortes a falta de fiscalização dos órgãos reguladores, a incorreta utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e ausência de medidas preventivas de acidentes. A deficiência na comunicação dos acidentes pelas empresas também é criticada pelo sindicato.
Quase 200 mil trabalhadores atuam em um setor que se mantém aquecido há pelo menos uma década no Maranhão. Alie a esse número a falta de investimento em campanhas internas para incentivo do uso de equipamentos de proteção e tem-se uma equação que revela um perigo colocado em evidência nos últimos meses no estado: a falta de segurança. Este ano, Humberto Mendes já contabilizou 11 mortes ocorridas dentro dos locais de trabalho. "Tem pessoas morrendo eletrocutadas, soterradas e atingidas por materiais", denunciou.
A segurança dos operários em uma construção deveria ser o principal aspecto quando uma empresa decide iniciar a construção de um empreendimento imobiliário. Porém, tão comum quanto encontrar um prédio em construção ou uma casa em reforma é se deparar com pedreiros, ajudantes e demais operários sem os EPIs.
Mendes reclamou que a fiscalização é deficiente, tendo em vista o grande número de obras em todo o estado. "O Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia do Maranhão [CREA-MA] não deve ter nem 40 fiscais, e isso torna impossível um trabalho mais rigoroso", considerou.
Dificuldade - Além de tratar sobre a quase total ausência de fiscalização, Mendes, frisou que em muitos casos é difícil convencer o operário a utilizar os EPIs, como capacete, luvas e óculos. "Não seríamos irresponsáveis em dizer que a culpa é só do patrão, porque na maior parte dos canteiros de obras estes materiais são disponibilizados, mas por preguiça ou talvez desconforto, alguma pessoa acham melhor não usar. Aí é difícil convencer uma pessoa adulta do que é melhor ou não para ela", concluiu.
O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Maranhão, João Mota Filho, reiterou as afirmações de Humberto Mendes, e disse que mesmo que as empresas adotem as medidas de segurança no sentido de evitar acidentes de trabalho, cada empregador decide como estas medidas sejam colocadas em prática. "O volume de obras tem aumentado na mesma medida em que as técnicas de segurança do trabalho. Os EPIs, por exemplo, são comprados para todos os funcionários, mas muitos não os utilizam simplesmente por não querer", afirmou Mota Filho.
O empresário considerou os últimos registros de mortes em canteiros de obras como uma fatalidade. "Não queremos que haja nenhum acidente, principalmente com morte, e por isso oferecemos as condições necessárias ao operário para garantir sua segurança enquanto estiver sob nossa responsabilidade", finalizou.
A falta de clareza no envio das ocorrências de acidentes pelas empresas é levantada pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Humberto Mendes, e reforçada pelo auditor do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Luís Roberto Araújo. Este é um dos motivos que iniciam uma investigação das causas dos acidentes pelo MTE. Este ano, já foram 14 investigações envolvendo 19 funcionários, entre os quais as 11 vítimas. "Muitas vezes, só tomamos conhecimento dos acidentes por meio da imprensa”, enfatizou.
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