SÃO LUÍS – Colegas do estudante de Engenharia Química da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Nuhu Ayúba, que é natural da Nigéria, denunciaram, pela internet, que o professor José Cloves Verde Saraiva teve atitudes racistas contra o nigeriano. Eles criaram um abaixo-assinado via internetabaixo-assinado via internet, que já tem mais de 3.900 assinaturas, e o encaminharam à UFMA. A instituição divulgou em nota, no início da noite desta segunda-feira (4), que abriu processo administrativo para apurar o caso e que encaminhou o caso, também, ao Ministério Público Federal.
De acordo com o abaixo-assinado feito pelos alunos do curso de Engenharia Química, durante a entrega de uma nota de prova, o professor não teria falado sobre a nota de nenhum outro aluno, mas apenas da de Nuhu, “bradando em voz alta que ‘tirou uma péssima nota’”. Eles afirmam, ainda, no documento, que por mais de uma vez o professor dizia que ele deverial “voltar à África” e que deveria “clarear sua cor”. O professor Cloves Saraiva teria perguntado ao nigeriano “ com quantas onças já brigou na África”.
Segundo os colegas de Nuhu Ayúba, em nenhuma das situações ele teria respondido ao professor, ficando calado.
Na sua página do Facebook, Nuhu Ayúba deixou pistas do racismo. Em 19 de junho, ele postou o seguinte texto:
“Africa: voce eh o meu pai... tenho orgulho de ser Nigeriano, de ser negao... porque quando Deus me criou, me criou perfeito... Porque se preocupar sobre um assunto de diferenca da cor... se daria a chance para escolher de onde eu quer ser. Escolheria Africa cem veses “.
Já neste domingo (3), ele diz (originalmente em inglês):
“eu nunca passei por esse tipo de humilhação em toda minha vida ... Mas eu passo agora... é uma história que nunca anunciou sua passagem, eu não posso chamá-la de acidente, porque foi intencionalmente provocada, brutalmente executada, mas o objetivo nunca foi alcançado, porque ela obedeceu a 3ª lei de Newton”.
Nuhu Ayúba refere-se a lei de ação e reação.
Na nota divulgada hoje, o reitor Natalino Salgado afirmou que é lamentável a ocorrência de fatos dessa natureza em qualquer instância pedagógica, ainda mais em uma universidade pública como a UFMA. “Temos pautado nosso trabalho no respeito e na dignidade humana; e não partilharemos de atitudes que se caracterizem em retrocesso e vergonha para a nossa sociedade. Os estrangeiros, assim como todos os outros estudantes, têm o nosso apreço e respeito. Vamos continuar honrando os acordos educacionais e culturais assumidos pela universidade e pelo governo Brasileiro com outros países”, destacou Salgado.
Em retratação pública, o professor Cloves Saraiva pediu desculpas à interpretação de ocorrências que teriam ofendido o estudante. Sobre as denúncias, o docente afirma que houve um mal entendido, sobre o qual pede desculpas ao estudante Nuhu Ayuba e aos colegas de classe. “Jamais tive intenção discriminatória, de qualquer espécie, mesmo porque sou, como muitos brasileiros, descendente de africanos, inclusive a minha avó era de Alcântara (MA). Acredito no potencial de todos, e o que exijo como docente é que os estudantes tenham compromisso com o conteúdo da disciplina e com a participação e frequencia às aulas”.
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