Economia

Pior da crise do euro já passou, defendem autoridades em Davos

G1

Atualizada em 27/03/2022 às 12h43

SÃO PAULO - Autoridades europeias e executivos de bancos disseram neste sábado (29) no Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos, que o pior da crise da dívida da zona do euro ficou para trás e que já não há mais qualquer dúvida sobre a sobrevivência do euro.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, afirmou em um dos painéis de discussão que a zona do euro não deve sofrer outras grandes crises. Segundo ele, os 17 países que usam a moeda estão aprendendo lições e caminhando em direção à convergência das políticas econômicas e sociais.

"Não espero que haja outros grandes choques", disse. "Acho que o euro será estável."

"Temos de defender o euro, caso algum Estado membro entre em crise", completou.

Página virada

A ministra da Economia da França, Christine Lagarde, pediu que os mercados financeiros não apostem contra a zona do euro, dizendo que todos os países estão no caminho certo para a consolidação fiscal.

"Acho que a zona do euro virou a página", disse no mesmo painel. "Não apostemos contra a Europa e não apostemos contra a zona do euro."

Bancos demonstraram confiança em que os líderes da União Europeia tomarão medidas decisivas nas próximas semanas para dar suporte aos países da zona do euro em dificuldades.

O presidente-executivo do Barclays, Bob Diamond, disse que a sobrevivência do euro não está mais em xeque. "Vamos ver alguma volatilidade, mas a grande questão sobre a sobrevivência do euro está descartada."

Ainda assim, a confiança das autoridades continua sendo colocada em xeque pelos mercados. O próprio presidente do Barclays, avalia que ainda existe volatilidade nas praças financeiras porque a zona do euro "saiu de um estado agudo para um problema crônico".

Christine Lagarde discordou do comentário e argumentou que todos os países do bloco estão fazendo um esforço de consolidação fiscal. "Estamos indo na mesma direção."

Os líderes europeus pretendem apresentar um pacote abrangente em março, com um possível aumento do fundo de emergência e uma maior flexibilidade para o uso dos recursos. Também estão em estudo uma extensão dos prazos e uma redução dos juros para o pagamento dos empréstimos a Grécia e Irlanda, regras fiscais mais rígidas e compromissos específicos com reformas estruturais.

Os cortes de gastos públicos também atingem o Reino Unido, que apesar de não estar na zona do euro enfrenta elevado déficit fiscal. "Cada país da União Europeia está lidando com seus próprios problemas e tomando decisões difíceis", afirmou o ministro de Finanças britânico, George Osborne, para reforçar o coro de apoio ao continente.

Rodada de Doha

Vinte e quatro ministros de Finanças se reuniram neste sábado para revisar o progresso na tentativa de finalizar as pendências da rodada de Doha, após sete grandes potências comerciais terem concordado em pressionar por um acordo nas negociações, que se arrastam há uma década, até julho.

O almoço dos ministros de Finanças, um evento tradicional promovido pelo governo suíço durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, acontece enquanto membros da Organização Mundial de Comércio (OMC) intensificam os esforços para chegar a um acordo.

Negociadores na sede da OMC em Genebra, que intensificaram o ritmo das conversas nas últimas semanas, têm esperado que os ministros em Davos dêem um sinal claro que pretendem fazer as concessões e acertos necessários.

Sete dos principais ministros concordaram na sexta-feira a fazer exatamente isso e trabalhar para preparar um esboço do acordo até julho. 'Todos concordam que devemos tentar fazer isso até julho,' disse a repórteres Karel De Gucht, comissário de comércio da UE.

'Não temos um acordo hoje --você tem um acordo quando tem um acordo. Mas todo mundo está empenhado para conseguir isso,' disse ele após o jantar que a UE ofereceu aos ministros de Austrália, Brasil, China, Índia, Japão e EUA.

Última chance?

Líderes do fórum do G20 chamados para fechar um acordo em Seul no ano passado disseram que 2011 representa uma janela de oportunidades, que muitos negociadores e economistas acreditam que poderá ser a última.

As conversas vêm se arrastando desde o seu começo, no final de 2001, na tentativa de abrir os mercados mundiais e ajudar os países pobres a se beneficiarem do comércio.

Mas as autoridades dizem que agora há uma nova esperança no ar.

O comércio está em alta na agenda dos EUA, à medida que o governo do presidente Barack Obama se prepara para levar os acordos de livre comércio com a Coreia do Sul e a Colômbia, para o Congresso.

Mais abertura

Washington pede aos grandes países emergentes como China, Índia e Brasil que abram mais os seus mercados para os negócios estrangeiros, inclusive os norte-americanos, como um reflexo do seu crescimento econômico.

As economias emergentes alegam que o acordo já está em vigor, baseadas na última intensa rodada de negociações de 2008, e que, se Washington quiser mais, terá que pagar com maiores concessões.

O acordo de julho não seria a versão final, mas as linhas gerais de um acordo, como por exemplo, fórmulas para reduzir tarifas e exceções importantes para poder deixar o resto do ano livre para que os negociadores completem os detalhes.

Isso já possibilitaria que se atendesse ao pedido do G20, com o acordo final pronto para encontro de ministros da OMC, em dezembro. Mas o prazo será curto.

Valorização de moeda

O ministro brasileiro das Relações Exteriores Antonio Patriota, que coordena a delegação brasileira no Fórum Econômico, discutiu neste sábado os problemas provocados pela valorização de algumas moedas durante a reunião ministerial.

"Levantamos a questão. O meio ambiente no qual trabalhamos era uma coisa em 2008. Agora, há uma situação diferente", disse Patriota, que falou à imprensa após o término da reunião dos países da OMC, convocada pela União Europeia (UE).

"A apreciação das moedas é certamente uma parte da situação hoje em dia", destacou.

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