SÃO PAULO - José Alencar vai passar o réveillon no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, de acordo com os médicos que acompanham o vice-presidente. Segundo o cardiologista Roberto Kalil, Alencar deve receber a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois da cerimônia de posse de Dilma Rousseff.
"O presidente me disse que vai sair da posse e vir para cá antes de ir para São Bernardo", afirmou o médico nesta quinta-feira (30). Segundo Kalil, o estado de Alencar permanece estável.
O vice-presidente passou a noite internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Segundo o médico Paulo Hoff, ele deve ser transferido para um quarto no início desta tarde.
Na quarta-feira (29), Hoff já havia praticamente descartado a hipótese de o vice comparacer à solenidade de posse da presidente eleita Dilma Rousseff, desejo manifestado por Alencar.
Ele explicou as razões médicas para que o vice não viaje de avião. "A pressurização do avião pode colaborar para um novo sangramento. Este é um momento cívico muito importante para o país e principalmente para ele. A vontade de estar na posse é perfeitamente compreensível, mas o mais importante que estar lá é ele estar bem. Ele tem essa consciência."
O médico disse ainda que, se Alencar seguir com a melhora do quadro clínico, poderá retomar o tratamento contra o câncer na próxima semana. "Ele precisa estar bem cicatrizado da cirurgia da semana passada. Se isso acontecer, poderemos retomar o tratamento quimioterápico", afirmou Hoff.
Segundo o médico, o procedimento realizado em Alencar nesta terça-feira (28) também é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "É um procedimento caro, bastante tecnológico e sofisticado, mas que também é feito, por exemplo, no Hospital das Clínicas, pelo SUS."
Visitas
O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT-SP), visitou o vice-presidente José Alencar nesta quarta-feira (29) e disse que ele está bem-humorado. "Fiquei 15 minutos com ele. Apesar de parecer fraquinho, os familiares me disseram que ele está bem melhor do que ontem [terça-feira]. Ele está passando confiança, muita paz, está falante e com o bom humor de sempre."
O deputado federal José Genoino (PT-SP) visitou Alencar na segunda-feira (27) e disse que o vice-presidente “demonstrou confiança e está animado". "O que mais me impressiona é a lucidez dele. O Alencar disse que ‘se minha hora chegar chegou, se não chegar, não é dessa vez", afirmou.
Genoino disse ter conversado sobre o governo com Alencar e a mulher do vice-presidente, Marisa, e também sobre os planos dele descer a rampa do Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a transmissão do cargo à presidente eleita, Dilma Rousseff, no dia 1º de janeiro, em Brasília.
No domingo (26), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, visitou Alencar por cerca de meia hora e se disse "esperançoso" sobre a presença do vice na posse. "Ele quer concluir a missão dele [participar da posse] e acho que ele tem condições porque está se recuperando", disse Mantega.
Na quinta (23), Alencar recebeu a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente eleita Dilma Rousseff. "Espero estar lá [na posse], e que os médicos me liberem para tomar um golinho", teria dito Alencar para Lula e Dilma, de acordo com a assessoria do hospital.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), visitou o vice-presidente na sexta-feira (24). "Eu o encontrei muito bem disposto, conversando. Não queria deixar a gente sair do quarto da UTI onde está internado", disse Kassab, que estava acompanhado do vice-governador Guilherme Afif Domingos (DEM).
Os médicos Paulo Hoff e Roberto Kalil Filho praticamente descartaram, nesta semana, a possibilidade de José Alencar acompanhar a posse da presidente eleita Dilma Roussef.
Histórico médico
O vice-presidente está internado desde quarta-feira (22) por causa de uma hemorragia intensa, o que o levou a perder dois litros de sangue. O vice-presidente luta contra um câncer na região do abdome e já passou por 18 cirurgias. Em julho de 2009, foi submetido a uma operação motivada por uma obstrução intestinal causada por tumores abdominais.
Em setembro deste ano, o vice-presidente foi internado no mesmo hospital em razão de um edema agudo de pulmão. Em julho, por causa de uma crise de hipertensão, ficou hospitalizado e passou por um cateterismo. Em novembro, durante outro período de internação, sofreu um infarto.
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