Brasil

MP vai avaliar se investiga racismo contra nordestinos no Twitter

G1

Atualizada em 27/03/2022 às 12h46

SÃO PAULO - Uma série de mensagens preconceituosas contra nordestinos publicada no Twitter a partir do último domingo (31) pode ser alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF) após uma procuradora regional de São Paulo ter encaminhado um ofício sobre o tema na última quarta-feira (3). A seccional de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) também anunciou que vai oferecer uma notícia-crime junto ao MPF-SP na quinta-feira (4), segundo o presidente da seccional pernambucana da ordem, Henrique Mariano.

As mensagens de ataque a nordestinos começaram no final de domingo, após a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência. Entre as mais republicadas estava a de uma jovem identificada como Mayara Petruso, que chegou a figurar na lista de assuntos mais comentados do Twitter.

A procuradora regional Janice Ascari recebeu as mensagens em sua página na rede social, imprimiu os arquivos e os encaminhou nesta quarta ao Ministério Público Federal. “Constatei condutas irregulares de preconceito e discriminação na esfera nacional. Existe uma lei para isso. Não pude deixar de ver e fazer o meu dever”, disse Janice, que se identifica como “paulista, paulistana e absolutamente contrária a qualquer forma de discriminação”.

“Eu, como procuradora regional, sendo um caso da esfera nacional não tenho autoridade para abrir a investigação. Então repassei às autoridades competentes”, afirmou.

O presidente da OAB-PE afirma ter reunido documentos tirados da internet e conseguido o endereço de Mayara Petruso em São Paulo. Todas as informações serão encaminhadas ao MPF. Henrique Mariano diz que pedirá que a autora das mensagens responda pelos crimes de racismo e de incitação pública ao crime de homicídio. “Ela pede, em sua mensagem, que as pessoas afoguem nordestinos”, explica.

Mariano falou também sobre relatos de que a jovem seria estudante de Direito. “É uma postura inadmissível para qualquer ser humano, mas é especialmente triste ver uma atitude dessa vinda de uma acadêmica do Direito. É uma posição que contraria todos os princípios norteadores da profissão que ela diz querer seguir”, afirma.

As páginas que originaram as postagens no Twitter foram excluídas. Mesmo assim, Janice Ascari afirma que é possível identificar a autoria das mensagens. “É um mito essa história de que as pessoas são anônimas na internet”, afirma.

A assessoria de imprensa do Ministério Público Federal informou que só pode se manifestar sobre o caso após um de seus procuradores analisar as denúncias.

A análise pode levar a uma investigação do próprio MPF, o encaminhamento do caso à Polícia Federal ou ainda o arquivamento, se o caso não for considerado crime.

O escritório de advocacia Peixoto e Cury informou nesta quarta que Mayara Petruso foi sua estagiária “mas não faz mais parte dos quadros do escritório”. “Com muito pesar e indignação, [o escritório] lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, pela mesma, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia e que veemente é contrário, deixando, assim, ao crivo das autoridades competentes as providências cabíveis”, disse em nota.

O G1 tentou entrar em contato com Mayara Petruso na tarde desta quarta, sem sucesso.

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