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Ações como esta não levam Israel à paz, diz Amorim sobre ataques

Nathalia Passarinho / G1

Atualizada em 27/03/2022 às 12h54

BRASÍLIA - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou ontem (31) o ataque das tropas israelenses a navios que tentavam levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Segundo ele, “não é com essas ações que Israel vai ter segurança”.

“É tendo a paz com seus vizinhos, paz com a Palestina, que os cidadãos israelenses terão a sua paz, que também tem que ser assegurada”, disse o ministro.

Ele se disse “chocado” com a atitude de violência dos militares israelenses e criticou o bloqueio a ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

“Nós não poderíamos ter ficado mais chocados do que com um evento desse tipo. Eram pessoas pacíficas, não significavam nenhuma ameaça, e que estavam procurando realizar uma ação humanitária. Uma ação humanitária que não seria talvez nem necessária se terminasse o bloqueio a Gaza, que já está durando tanto tempo".

Amorim afirmou também esperar que o Conselho de Segurança das Nações Unidas tome providências a respeito do ataque de Israel ao comboio.

“Dei instruções à nossa embaixadora nas Nações Unidas para que apoiasse a convocação da reunião do Conselho de Segurança. Concordo com o que disse o meu colega [chanceler da Turquia, Ahmet] Davotuglu, que está na ONU, que é algo que realmente necessita algum tipo de ação da ONU”, afirmou.

O ministro disse ainda estar preocupado com a cineasta e ativista brasileira Iara Lee, que estava em um dos navios durante o ataque de Israel. O ministro informou que pediu o deslocamento de um diplomata brasileiro ao porto onde as embarcações foram levadas para tentar localizar a jovem.

“Eu dei instruções à nossa embaixada para que enviasse um diplomata ao porto para onde foram levados os navios. O embaixador de Israel foi chamado ao Itamaraty não só para manifestarmos a indignação com o ato geral, mas também nossa preocupação com a brasileira”, disse o ministro. Em nota divulgada mais cedo, o Itamaraty informou que chamaria o embaixador israelense para que fosse “manifestada a indignação do governo brasileiro” como o ataque.

Segundo Amorim, a presença da brasileira em um dos navios é uma evidência de que se tratava de uma ação humanitária, sem a presença de terroristas, como afirmou o governo de Israel ao justificar o uso da violência contra os ativistas. “Essa própria cidadã é uma ilustração, ela é uma cineasta, faz documentários, alguns ligados ao meio ambiente, à sustentabilidade. Não se pode dizer que sejam terroristas perigosos”, disse.

Embaixador de Israel

O embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher, se reuniu no fim da tarde desta segunda com a subsecretária de Assuntos Políticos do Itamaraty, Vera Machado. Após o encontro, o embaixador criticou a reação do governo brasileiro de “condenar de forma veemente” o ataque de Israel aos navios de ajuda humanitária. Segundo Bacher, a atitude do Brasil não foi equilibrada. “Lamento muito a reação do Brasil. Creio que não é uma relação balanceada. É uma reação que não toma em consideração a posição de Israel. Se pode dizer muitas vezes que era um apoio humanitário, mas não é um apoio humanitário”.

Para o embaixador, o navio que levada mantimentos para a população da Faixa de Gaza tinha o objetivo de fazer propaganda negativa de Israel. “Apoio humanitário é para povo da Faixa de gaza. Este foi uma flotila de provocação, de conflito, de propaganda anti-isrealense. E tudo isso não faz parte da reação do Brasil, lamentavelmente”.

Ele disse também que a cineasta e ativista brasileira Iara Lee não está na lista atual de mortos e feridos durante o ataque. “Até agora sabemos que ela está na lista dos passageiros. Não está na lista de mortos ou de feridos, mas todas as listas não estão concluídas, não é uma lista final”, disse.

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