Polícia

Insatisfeito, coronel Flávio de Jesus garante que é perseguido

O comandante do CPM disse ainda não temer represálias por suas declarações.

Paulo de Tarso Jr./Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 13h01

SÃO LUÍS – Insatisfação em clima de despedida. Assim pode ser caracterizada a entrevista do comandante do Comando de Polícia Metropolitano (CPM), coronel Flávio de Jesus, à Rádio Mirante AM, nesta segunda-feira (25). Durante os vinte minutos de entrevista, o coronel mostrou toda sua indignação com relação ao comando de polícia e afirmou que um dos principais motivos de toda sua revolta é devido à retirada do Serviço de Inteligência (Serviço Velado) das ruas.

Clique em áudio e ouça a entrevista do coronel Flávio na íntegra.

De acordo com o coronel Flávio, os policiais do Serviço de Inteligência realizavam um ótimo trabalho, auxiliando no trabalho do CPM. No entanto, o coronel explicou que o que está acontecendo atualmente com os policiais do velado é um atraso para o trabalho da polícia.

- Hoje, o Serviço de Inteligência está sob o comando do tenente-coronel Vilas Boas, que pega os homens e os coloca dentro de uma sala pra dar instrução a manhã todinha. Lendo a Bíblia todinha, e pra depois eles levarem a conhecimento deles o serviço. Isso tá me trazendo indignação e isso tá atrasando nosso trabalho. Eu peço que seja revista esta situação. Eu não sei porque alguém se colocou contra um policiamento deste tão bom. A minha indignação é mesmo como cidadão. Por que ninguém me ouviu quando eu disse que não era para acabar com este policiamento? Por que então que pegaram o Velado e colocaram eles em uma sala para o tenente-coronel passar o dia todinho dando sabatina neles? – disse.

Além da retirada do Serviço de Inteligência das ruas, o coronel Flávio de Jesus garantiu que o trabalho do CPM está completamente reduzido. As equipes da polícia que auxiliavam o trabalho do CPM foram reduzidas e não estão mais sob o comando do coronel. De acordo com o coronel Flávio, atualmente o CPM conta apenas com a ajuda de Deus para desenvolver suas operações.

- Estamos limitados a dar policiamento aos grandes eventos com as nossas unidades, fiscalizar a Ronda da Comunidade e contar com a boa ajuda de Deus. Este é o que nos ajuda – afirmou.

Insatisfação

Mas a retirada do Serviço de Inteligência e de outros batalhões são apenas algumas das reclamações do coronel Flávio de Jesus. Durante a entrevista à Rádio Mirante AM, o coronel garantiu que sofre, constantemente, maus-tratos na Polícia Militar.

Ainda de acordo com o comandante do CPM, existe perseguição contra sua pessoa, apesar dele dizer que não sabe de “onde partiu”.

- De uns dias para cá eu venho sofrendo todo tipo de maus-tratos. Eu aguentei até quando pude. Não sei de onde partiu, mas sei que é proposital. A cada dia, eu venho sofrendo uma dificuldade e sem poder me mexer para lado nenhum. Hoje foi a gota d’água – garantiu.

No entanto, mesmo não confirmando seu afastamento do Comando do CPM, coronel Flávio de Jesus deixou seu cargo nas mãos das autoridades competentes. Ele disse ainda estar cansado de tudo o que está passando, pois, de acordo com o coronel, seu trabalho irá aparecer quando ele tiver condições para trabalhar.

- Eu tenho uma portaria de nomeação. Eu sou um coronel da Polícia Militar e fui convidado para comandar o CPM. Eu tô aqui enquanto o comandante [coronel Franklin Pacheco] quiser, o secretário [Raimundo Cutrim] e a governadora [Roseana Sarney]. Estou fazendo o meu trabalho dignamente e a minha indignação é da cobrança da população pelo Serviço Velado. Há dias eu tenho dito que eu preciso do Serviço Velado na Polícia Militar e ninguém tá me ouvindo. Eu tô cansado. Estou revoltado porque eu tenho falado e ninguém tem me ouvido. Eu preciso das condições para trabalhar. Sou apaixonado pela Polícia Militar. Tô triste porque hoje, mais um dia, a população me questionou sobre o Serviço Velado e eu não pude dar resposta. Eu quero dar resposta. Eu quero ser testado. Botem as condições na minha mão e eu vou mostrar que sou capaz – garantiu.

Declarações

Mesmo com estas fortes declarações, o coronel Flávio de Jesus afirmou que não teme represálias. Segundo o comandante do CPM, ele não deve nada a ninguém e, se for preciso, irá dizer na “cara de qualquer um” para o respeitar.

- Não me interessa [o que vai acontecer]. Eu quero é ser respeitado. Eu quero dizer na cara de qualquer um que me respeite. Eu como do meu suor. Não devo nada pra ninguém. Se quiser me prender, me prenda por mil anos. Matará um corpo, mas nunca matará um ideal. Eu amo o que faço. Poderia ser tudo na vida, mas eu simplesmente escolhi ser coronel de polícia e quero ser respeitado naquilo que eu faço. Se eu fiz o meu trabalho, porque outro tem que dizer que foi ele q fez? Eu não sei de onde é que parte. Eu tô magoado e muito chateado. Se tiver que ficar preso, que fique preso. Agora, não vou aceitar ninguém me humilhar quando eu estou fazendo meu trabalho dignamente. Estou em paz, com a minha consciência tranquila – finalizou.

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