São Luís

Cemitérios estão prontos para receber visitantes

A manutenção de jazigos ainda é feita e muitas crianças são vistas fazendo esse trabalho em troca de algumas moedas.

O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 13h06

SÃO LUÍS - Às vésperas do feriado do Dia de Finados, os artigos utilizados para homenagear os falecidos já começaram a ser vendidos nas proximidades dos cemitérios de São Luís. A manutenção de jazigos ainda é feita e muitas crianças são vistas fazendo esse trabalho em troca de algumas moedas.

Há 12 anos, Claudeth Viana, de 55 anos, arma sua banca na entrada principal do Cemitério do Gavião, no bairro Madre Deus, e contou que o lucro obtido por meio da venda de velas e arranjos florais já passou por melhores momentos. Com o passar dos anos, ocorreu um crescimento desproporcional entre quem compra os artigos e os vendedores instalados na área. "Quando eu comecei aqui, dava para ganhar bem mais que hoje. E ainda tenho de dividir espaço com os outros vendedores”, comentou.

Maria Helena Damous Estrela, que administra o “Gavião” há 8 anos, explicou que todos os anos as pessoas enfeitam os túmulos. É estabelecida uma data limite para que os proprietários de jazigos apresentem o tipo da obra a ser realizada, a fim de evitar a concentração de pedreiros e até crianças, efetuando os reparos. Este ano, os interessados tinham até o dia 25 de outubro para terminarem as obras. Porém, muita gente deixou para fazer o pedido após o prazo.

O funcionário público Francisco de Assis, de 62 anos, foi um dos que perdeu o prazo. Ele esperava pintar a sepultura de sua sogra. No entanto, não foi autorizado por Maria Helena. "Eu não pude fazer o serviço antes, mas entendo perfeitamente a situação da diretora em não autorizar, pois, se ela deixar que eu faça, terá de deixar os demais também", disse.

Crianças - A coordenadora do “Gavião” tem, porém, um problema maior para resolver: a presença constante de crianças e adolescentes, que se propõem a realizar pequenos serviços nas lápides. O fato não ocorre apenas no “Gavião”. Em qualquer outro cemitério da capital, os menores fazem abordagem pedindo “trocados” para limpar, pintar ou até restaurar o adorno de túmulos. Uma criança de 11 anos e seu primo de 14 anos relataram a O Estado que este é o segundo ano que fazem esse tipo de serviço. Elas esperavam ganhar até R$ 300,00 nos três dias que antecedem o feriado.

"Somos obrigados a conviver com a situação e, se não deixarmos, eles podem até depredar o local", contou o administrador de um dos doze cemitérios de São Luís, que pediu para não ser identificado.

Na contramão do trabalho das crianças, está a prestação de serviços oferecida pelos cemitérios. No São Cristóvão, são somente três funcionários para fazer os serviços de capinagem e varrição de todo o espaço. Hilton Alves de Souza, de 61 anos, desde 1967 trabalha no lugar e disse que vê uma diminuição do número de visitantes, cada vez mais acentuada, e justificou o fato de forma inusitada. "Como tem aumentado os evangélicos na cidade, parece que ninguém mais dá atenção aos mortos”, disse o funcionário. Questionado sobre a presença de crianças se oferecendo por até R$ 10,00 para limpar a área, Hilton de Souza desconversou. "Deixa eles. Os meninos estão é me ajudando".

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.