Vestibular

Haddad pede a reitores que se posicionem sobre novo vestibular

Segundo ministro, é preciso “colocar os pingos nos is” sobre a questão do Enem.

Amanda Cieglinski, Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 13h18

BRASÍLIA - O ministro da Educação, Fernando Haddad, pediu hoje (28) aos reitores um posicionamento claro sobre o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), proposto como forma de ingresso nas universidades federais. Segundo ele, é preciso “colocar os pingos nos is” sobre a questão do Enem. Ele pediu que a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) se manifeste sobre a proposta.

“Ela [Andifes] precisa dar um sinal sobre o princípio geral do novo Enem para aplacar os ânimos. O que queremos é dar um norte para o país. Depois, com toda tranquilidade, cada instituição pode verificar qual é maneira mais apropriada de participar”, afirmou o ministro, durante reunião. Os reitores continuam reunidos durante a manhã de hoje (28) e é possível que elaborem um documento sobre a posição da associação.

O ministério ampliou para quatro as possibilidades de adesão das universidades ao novo Enem. O exame pode ser adotado como fase única de seleção, como uma primeira etapa do vestibular, como parte da nota do candidato ou ainda para preenchimento de vagas remanescentes. Haddad disse que “foge à razoabilidade” alguma instituição não participar sequer para preencher as vagas ociosas.

“A quarta possibilidade é quase uma obrigação, a instituição não vai deixar vagas ociosas. As possibilidades são suficientemente largas para que tenhamos a totalidade das instituições testando o novo instrumento de acesso”, afirmou o ministro.

O presidente da Andifes e a maioria dos reitores que se manifestaram durante o encontro disseram apoiar integralmente o novo projeto. Segundo o vice-presidente da Andifes, João Cousin, não há “nenhuma voz dissonante sobre a virtuosidade do processo”.

O reitor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Thompson Mariz, chamou atenção, mais uma vez, sobre a possibilidade de o novo Enem aumentar a desigualdades regionais. Ele acredita que os alunos das capitais vão ocupar todas as vagas dos “cursos da elite” das universidades do interior e de regiões periféricas, reduzindo as oportunidades dos moradores da região.

“A gente não pode tratar de forma igual aquilo que é desigual. Não é tão deletério defender o regionalismo. Os alunos do Nordeste vão ser condenados aos cursos de pouca demanda”, disse Mariz.

Haddad minimizou a questão regional e disse que os alunos só podem ser prejudicados caso a universidade adote o Enem como fase única. Ele defendeu que há outras alternativas de participação.

O ministro ressaltou, mais uma vez, a necessidade de as instituições aderirem ao novo Enem para que seja possível fazer uma reforma no currículo do ensino médio, hoje muito pautada pelos vestibulares tradicionais que não possuem uma matriz comum.

“Da mesma forma que a Prova Brasil e o Ideb ajudaram a organizar e melhorar o trabalho em sala de aula no ensino fundamental, precisamos dar um norte para o ensino médio a partir de um exame que seja interessante”, destacou Haddad.

Segundo o presidente da Andifes, Amaro Lins, no mês de maio os conselhos universitários de cada instituição se reúnem para aprovar as diretrizes do processo seletivo. Ele acredita que a primeira semana de maio é um prazo razoável para fechar as discussões no caso das instituições que vão adotar o Enem como fase única.

“As universidades têm a compreensão de que está se fazendo um avanço em relação aos processo seletivos que temos até hoje. E ganhamos todos, principalmente os jovens, que estão se preparando para o vestibular, e as universidades”, afirmou.

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