BRASÍLIA - Os países da América do Sul firmaram um acordo para atuar em conjunto contra a dengue. Reunidos em Santiago (Chile), os ministros que compõem o Conselho de Saúde Sul-Americano, da Unasul (União de Nações Sul-americanas), enfatizaram a necessidade de uma ação coordenada para enfrentar uma doença que “dolorosamente” atinge a região. Para o ministro da Saúde do Brasil, José Gomes Temporão, trata-se de uma ação estratégica, pois o país possui fronteira seca com dez de seus vizinhos sul-americanos.
O texto assinado pelos ministros reconhece que a doença ultrapassa as fronteiras dos países e seu enfrentamento deve ser feito de forma planificada. “Os casos de dengue, que afetam os diversos países da Unasul, deixam dolorosamente clara a necessidade de atuar decididamente e concretamente, por parte de todos os setores, para enfrentar essa doença, que pode afetar qualquer um de nós, pois não há vacina ou medicamento para a sua prevenção”, diz o acordo.
“O Brasil teve que aprender muito no que se refere ao combate da dengue. Essa experiência, que envolve informação, mobilização, estrutura e pesquisa pode ser aproveitada pelos outros países”, afirmou Temporão. O ministro exemplificou que o país mobilizou em 2008 mais de 100 parceiros da iniciativa privada e outros 50 mil líderes comunitários, articulou a ação de 2,3 mil militares para o combate a doença, ampliou os investimentos na estrutura e comunicação (somando mais de R$ 1 bilhão), promoveu uma rede de qualificação de 30 mil médicos e enfermeiros e fez ações diretas nos estados e municípios, entre outras ações. Na área de pesquisa, tem experimentado novas tecnologias como teste rápido de dengue, novas armadilhas contra o mosquito transmissor e outros métodos que verifica o grau de infestação pelo vetor.
Segundo a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), em 2005, a Região Andina registrou 581 mil casos de dengue, 42 mil casos de dengue hemorrágica, resultando em 221 mortes. No grupo de países do Cone Sul (Argentina, Chile, Argentina, Uruguai e Brasil), o registro foi de 1,9 milhão de casos de dengue, com 4.509 de dengue hemorrágica e 258 óbitos.
No Brasil, o balanço parcial de casos de dengue neste ano aponta que, até o dia 7 de março, foram notificados 114.355 casos da doença, representando uma queda de 28,6% em relação ao mesmo período de 2008, quando 160.137 pessoas foram infectadas pelo vírus. “Queremos avançar mais no combate à dengue. O acordo firmado na Unasul é estratégico para o Brasil, pois possui fronteira seca com dez países da região”, disse Temporão.
Paulo Buss, representante do Brasil no Conselho de Saúde Sul-Americano e ex-presidente da Fiocruz, explica que, nos próximos meses, com a chegada do inverno há uma redução dos casos de dengue no continente. Nesse período será elaborado um plano integrado de ação contra a doença para o próximo verão no hemisfério. O objetivo é que esteja pronto até outubro deste ano, quando devem ser intensificadas as ações contra a dengue.
“A proposta é que os países construam um escudo epidemiológico para a região. Além da dengue, também devem ser incorporados aos trabalhos ações contra outra doenças, como malária, tuberculose, aids etc”, afirmou Carlos Felipe de Oliveira, coordenador do setor saúde do MERCOSUL e também representante do Brasil no conselho de saúde da Unasul.
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