Mundo

Piloto impede tragédia aérea em Nova York

Jornal da Globo

Atualizada em 27/03/2022 às 13h23

NOVA YORK - O sangue frio e a habilidade dos pilotos de um Airbus 320 impediram hoje uma grande tragédia em Nova York.

Atingido por pássaros que paralisaram as duas turbinas na fase inicial do vôo, o avião pousou nas águas geladas do rio Hudson, ao lado da ilha de Manhattam, e ninguém se feriu.

O correspondente Rodrigo Alvares acompanhou:

“Foi um dia de caos como não se via há muito tempo aqui em Nova York. Eu voltei agora há pouco do local do acidente, onde as equipes de resgate finalmente conseguiram levar o Airbus até a margem.

Dezenas de barcos e helicópteros, bombeiros, policiais e a guarda-costeira... Foi uma mega-operação pra enfrentar a correnteza, o frio e rebocar o avião por vários quilômetros antes de retirá-lo da água.

Muita gente não acreditou no que viu nesta quinta-feira: um pouso perfeito na água, um piloto herói preocupado com seus passageiros até o último minuto e o impressionante resgate de todos os que por seis minutos, rezaram e choraram pensando que jamais escapariam.

Os passageiros pareciam caminhar sobre as águas do rio Hudson. Estavam sobre a asa. Foram os últimos a ser resgatados. A cena emocionante reforçava a sensação de todos: foi dia de milagre em Nova York.

Jeff Kolodjaf contou que depois de apenas quatro minutos de vôo viu uma explosão na turbina esquerda. "Havia fumaça, fogo... tudo! Um cheiro forte de gasolina", conta.

A população correu pra beira do rio e viu o inacreditável: Um acidente pra entrar pra história da aviação, com 155 sobreviventes e um herói.

O piloto Chelsey Sullenberger, com mais de 40 anos de experiência, avisou aos passageiros: “Vamos fazer um pouso forçado, preparem-se!” E fez um pouso perfeito.

Segundo o prefeito de Nova York, o piloto-herói foi o último a sair da aeronave. "Ele percorreu o interior do avião duas vezes pra ter certeza de que não havia mais ninguém", disse Michael Bloomberg.

O vôo da US Airways 1549 decolava de Nova York para a cidade de Charlotte, no estado de Carolina do Norte, às 15h25, 18h25 no horário de Brasília.

Depois de decolar da pista 4, a aeronave chegou a atingir 3.200 pés, mais ou menos mil metros de altitude.

Ainda nesta fase inicial do vôo, em subida, o piloto avisa ao controlador que as duas turbinas tinham sido atingidas por pássaros. Passageiros afirmam ter visto fogo e fumaça saindo da turbina esquerda da aeronave.

A linha vermelha que você vê nas imagens foi traçada com informações detectadas pelo radar do controle de vôo da região.

Por ordem do controlador, o piloto fez uma curva para a esquerda e começou a voltar. Mas percebeu que não conseguiria chegar ao aeroporto La Guardia. Se alinhou com o rio Hudson, que separa Nova York de Nova Jersey.

Perdeu altitude vagarosamente, planou por alguns quilômetros e às 15h31 no horário local, pousou de barriga sobre o rio.

O local do pouso, em frente à ilha de Manhattam, na altura da rua 42, é cheio de píeres de embarcações de recreio, várias delas ajudaram no trabalho de resgate.

Segundo o relato dos passageiros, dentro da cabine, o comandante avisou sobre a situação de emergência. Algumas pessoas começaram a rezar. O piloto mandou que todos adotassem posição de impacto.

Já com o avião sobre o rio, alguns passageiros retiraram os assentos flutuantes, mas não foi necessário usá-los.

Uma imagem rara, um avião de grande porte sendo rebocado pelas águas do rio Hudson em Nova York. Por volta de cinco da tarde a notícia era de que todos os passageiros e tripulantes sobreviveram ao acidente.

Logo depois chegaria a confirmação: apenas quatro passageiros foram hospitalizados. E não por causa da queda, mas por causa do firo de seis graus negativos, com hipotermia.

Na noite desta quinta-feira, o A-320 finalmente chegou à margem do rio, dando fim a um dia histórico. Em que Nova York conheceu um herói, um milagre.

Muita gente se pergunta por que o avião não afundou. Mais uma vez entra a competência do piloto, pois com um pouso perfeito ele conseguiu manter praticamente toda a estrutura do avião intacta, que flutuou como se fosse uma garrafa de plástico pelas águas do rio. Mas se tivesse ocorrido qualquer rompimento no avião, ele teria afundado como uma pedra.

O piloto Chelsey Sullenberger tem 57 anos e é dono de uma empresa especializada em segurança. Com 19 mil horas de vôos, ele inclusiva dá aulas de segurança de vôos e tem um histórico de alta performance em situações críticas como a de hoje.

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