Polêmica

Haddad defende mudanças no curso de jornalismo

Ministro defende criação de cursos de especialização em jornalismo para formandos em outras áreas.

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 13h30

BRASÍLIA - O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse hoje (18), em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que criará uma comissão para discutir as diretrizes curriculares dos cursos de comunicação social, em especial o de jornalismo, da mesma forma que o MEC já fez com as graduações de direito e medicina.

Entre os possíveis assuntos que serão debatidos pela comissão está a possibilidade de criar cursos de especialização em jornalismo para que formados em outras áreas também possam exercer a profissão.

“Nós acreditamos que é um bom momento para discutir essas diretrizes e verificar inclusive quais são as competências que precisam ser adquiridas por um profissional de outra área para que ele possa exercer a profissão de jornalista”, explicou.

Para o ministro, o aprofundamento do debate pode implicar em melhoria da qualidade do exercício profissional. “A comissão discutirá isso, sem prazo determinado, para que o MEC tenha um posicionamento oficial sobre o assunto [obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão]. Mas essa [a formação complementar] é uma possibilidade. Um médico, por exemplo, pode fazer uma pós em comunicação para cobrir os assuntos de saúde, ou um pedagogo para cobrir educação”, comparou.

Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo Andrade, o momento é inoportuno para o debate. Em poucas semanas, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar ação que regulamenta a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão.

“Pouco adianta o MEC discutir essas possibilidades se a legislação que regulamenta [a profissão] só pode ser mudada pelo Congresso Nacional”, defendeu Andrade.

O presidente da Fenaj disse ainda que essa movimentação desvaloriza a profissão e é desrespeitosa por não ter ouvido a opinião das entidades representativas do setor.

“É mais uma iniciativa que não contribui para o debate, mas ajuda a tumultuar. É o olhar de quem desconhece a realidade do mercado, os salários, as condições de trabalho. Um advogado vai estudar cinco anos, se formar, estudar jornalismo por mais dois anos e entrar em uma redação para ganhar R$ 1,2 mil, subir morro e levar tapa de bandido?”, questionou Andrade.

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