RIO - A linha de financiamento de R$ 7,3 bilhões aprovada para a Vale representa o maior volume de crédito já concedido para uma empresa em uma única operação na história do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O empréstimo já faz parte da nova política industrial do governo, segundo o presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho.
Na prática faz (parte da política industrial) e a gente tem a política de limite de crédito para grandes grupos econômicos com rating (de investment grade). É uma política que hoje não só abrange a Vale, mas outros grandes grupos brasileiros, que têm programas robustos de investimentos, que têm programas com alta qualidade de retorno dos investimentos. Para apoiar de maneira inequívoca, inclusive diante do mercado de crédito, o desenvolvimento dessas empresas, estaremos adotando a mesma estratégia, ressaltou Coutinho.
A operação anunciada hoje faz parte de uma linha de limite de crédito iniciada pela instituição em 2005 e poderá ser utilizada pela Vale a qualquer tempo nos próximos cinco anos. A aprovação dos recursos para a Vale é a oitava operação desta linha e, sozinha, representa mais que os R$ 4,41 bilhões aprovados em conjunto para outros sete grupos empresariais nacionais. Antes da operação da mineradora, o maior volume dentro das operações de limite de crédito havia sido para Usiminas e Grupo Gerdau, ambos no valor de R$ 900 milhões.
Os recursos serão liberados ao longo dos próximos cinco anos, com 10 anos de prazo, 80% corrigidos de acordo com a variação cambial e outros 20% segundo a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). O spread do banco vai variar de acordo com cada projeto em que os recursos forem aplicados.
O presidente da Vale, Roger Agnelli, admitiu que pode usar parte dos recursos não apenas no desenvolvimento de projetos dentro do plano de investimentos de US$ 59 bilhões para os próximos cinco anos, mas também para evitar tomar recursos em condições menos favoráveis no mercado. Uma das exigências do BNDES é de que, caso o dinheiro seja usado em projetos novos de mineração, a verba tem que ser direcionada para projetos no Brasil. Pelo plano da Vale, US$ 44 bilhões serão aplicados no país até 2012.
Temos que ter suporte financeiro para realizar os investimentos. Esse colchão de recursos nos dará maior tranqüilidade, frisou Agnelli, admitindo que chegou a pedir mais um pouco, além dos R$ 7,3 bilhões concedidos.
Já o diretor-executivo de finanças da Vale, Fábio Barbosa, fez questão de deixar claro que o acordo com o BNDES nada tem a ver com a atual crise de crédito no mercado americano, que ameaça contaminar outros países. Segundo ele, as conversas com instituições financeiras da Ásia e Oriente Médio começaram em setembro do ano passado, e a operação com o BNDES foi apenas o primeiro contrato dentro de uma estratégia de financiamento de longo prazo.
Barbosa revelou que entre as instituições estrangeiras procuradas estão o japonês JBIC; os chineses China Development Bank, Bank of China, China Exim, Citic, a Sinosure e a Nexi, esta última uma agência de seguro de crédito com a qual a Vale já assinou um memorando de entendimento de US$ 2 bilhões.
O que estamos negociando ainda é um acordo com essas agências que o BNDES foi capaz de nos oferecer muito rapidamente. É um acordo mais amplo de relacionamento que envolve uma visão do nosso plano estratégico, frisou Barbosa.
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.