RIO - O número de casos de dengue no Rio ainda deve aumentar nos próximos dias, segundo o professor Fernando Verani, do Departamento de Epidemiologia da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz.
O especialista diz que a doença está em seu momento de pico no estado. Mas a tendência, para os próximos meses, é de redução do número de notificações.
A Secretaria de Saúde do município do Rio confirmou na segunda-feira (31) 44 mortes causadas por dengue apenas na capital. O número aumentou em 13 registros desde o último balanço, feito na sexta-feira (28). Já a Secretaria estadual de Saúde divulga um balanço apenas às quartas-feiras. No último levantamento, do dia 26, a secretaria registrou 54 mortes pela doença.
“Num primeiro momento, como ainda estamos no pico da doença, o número de casos ainda vai crescer. Ainda não chegamos ao máximo da doença. Mas a tendência para os próximos meses é de que haja uma diminuição do número de infectados por dois fatores: mudança climática e esgotamento das pessoas suscetíveis à doença”, disse o epidemiologista.
Mosquito gosta de calor e chuva
Ele explica que o aedes aegypti gosta de chuva e calor, condições típicas do verão e que são favoráveis para a sua procriação. Com a chegada do outono, as temperaturas tendem a ser mais amenas e há uma diminuição das chuvas, o que faz com que o mosquito se retraia.
“Mas o mosquito não desaparece. Ele diminui a sua atividade, mas continua presente. Como é mosquito caseiro, que gosta de pouca luz, o combate aos focos deve se dar o ano inteiro, todos os dias dentro de casa. Só assim é possível controlar a doença e fazer com que ela retorne a níveis endêmicos”, explicou Verani.
Segundo o professor, outro item que tende a fazer com que os números da doença comecem a decrescer no estado é o fato de boa parte da população já ter sido infectada pela dengue. Verani explica que a grande maioria dos infectados não desenvolve qualquer sintoma da doença.
“O número de infectados pelo mosquito é de quatro a cinco vezes maior que o número de pessoas que desenvolve sintomas da dengue. Como uma pessoa não contrai duas vezes o mesmo vírus, em breve o mosquito não terá praticamente mais ninguém para infectar. Mas isso não quer dizer que devamos descuidar dos focos do mosquito. O vírus tipo 4, que ainda não chegou ao Brasil, está circulando pela América do Sul”, alertou o professor.
Verani não arrisca um palpite sobre o fim da epidemia. Ele diz que impossível afirmar se ela vai terminar em maio. Mas torce para que autoridades e toda a população se conscientizem da necessidade de não relaxar no combate aos focos do mosquito.
“Acabar com o mosquito é impossível. A dengue foi introduzida em 1974 no Brasil e desde então, sempre há casos da doença. O que transforma a dengue numa epidemia é o elevado número de mosquitos infectados circulando. Por isso é preciso atenção especial com os focos. É possível controlar a doença em níveis muito, muito baixos e com uma boa infra-estrutura de atendimento para os casos mais graves”, garantiu o epidemiologista.
Dúvidas da população
No vídeo, uma entrevista ao "Bom Dia Rio" do epidemiologista Roberto Medronho, chefe do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em que tira algumas dúvidas da população sobre a doença.
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