Cidade

Vila Embratel: três décadas de lutas na Ilha

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 13h44

SÃO LUÍS - O aposentado Manoel Silva Diniz, de 70 anos, mais conhecido como “seu Maneco”, poderia ser apenas mais um entre milhares de “Manecos” que hoje habitam São Luís. Poderia, mas o destino fez dele um pioneiro. Ele fazia parte da leva de 899 famílias (cerca de 3,5 mil pessoas) que lutavam por um pedaço de terra no complexo de sítios que hoje compõe um dos maiores bairros de São Luís: a Vila Embratel, que este ano completa 30 anos de fundação.

A história do bairro confunde-se com a da área Itaqui-Bacanga e também com a da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A Vila Embratel surgiu como um loteamento para remanejamento das famílias do Sá Viana, no fim da década de 80, quando a UFMA passou pelo seu primeiro grande programa de expansão. A ocupação da área, que inicialmente foi batizada de “Novo Sá Viana” e chegou a ser chamada “Vila do Amor”, começou no dia 1° de fevereiro de 1978. No ano seguinte, o bairro recebeu o nome de Vila Embratel, em homenagem a uma torre de transmissão de rádio que fica no local.

Desde quando começou a ser ocupada, a Vila Embratel vem se caracterizando pela lutas constantes visando à melhoria de sua infra-estrutura. Se antes do bairro ter nascido o problema era a falta de terrenos para os moradores, depois de criado o problema passou a ser a infra-estrutura.

Hoje, Manoel Silva Diniz mostra, com orgulho, um dos primeiros abaixo-assinados feitos pela União de Moradores da Vila Embratel, datado do dia 17 de abril de 1980, quando ele era o presidente da entidade, solicitando ao Governo do Estado melhorias no saneamento básico e abastecimento de água. “Para termos a nossa terra, tivemos que apanhar da polícia. Depois, nos anos seguintes, fomos obrigados a pedir melhorias para o nosso bairro. Aos poucos, essas melhorias chegaram, mas ainda precisamos de um pouco mais de atenção”, diz ele.

Foi de luta em luta, de abaixo-assinado em abaixo-assinado, que os moradores do bairro conseguiram as parcas condições necessárias para viver de forma digna. Os primeiros pedidos foram para a Companhia Energética do Maranhão (Cemar) e para o prefeito de São Luís, na época Mauro Fecury, visando a instalação de energia elétrica e construção de um mercado. A energia chegou ao bairro ainda no fim da década de 70 e o mercado foi construído no início dos anos 80. Depois, os moradores conseguiram um chafariz, que anos depois foi substituído por seis poços artesianos e, na década de 90, por água encanada. Embora, essa água até hoje chegue às casas somente dia sim, dia não.

Mais abaixo-assinados foram necessários para que os moradores, na metade da década de 80, conseguissem asfaltamento para a avenida Sarney Filho, a principal via do bairro e, depois, transporte público, que, até 2005, era uma “pedra no sapato” dos moradores, e, por fim, sistema de coleta de esgoto. “Aqui, nada foi fácil. Tudo veio com muita luta e com muito esforço por parte de todos os moradores. Mas a luta não acabou”, ressalta Diniz. A primeira escola do bairro, a Unidade Escolar Vila Embratel, foi uma exceção. A sua construção não dependeu de abaixo-assinados, mas a sua reforma, em meados da década de 80, sim.

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