Investigação

Caso Luzia Lopes: morte permanece sob mistério

A polícia ainda não conseguiu dar nenhuma resposta à sociedade e à família

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 13h45

SÃO LUÍS - A polícia ainda não conseguiu dar nenhuma resposta à sociedade e à família sobre a morte da diretora do Centro de Ensino Médio (CEM) Erasmo Dias, no Maiobão, Luzia Lopes Pinheiro, de 68 anos, cujo corpo foi encontrado sob as folhagens em uma duna, na praia do Araçagi, em 16 de agosto do ano passado. As investigações se arrastam na Delegacia de Homicídios, sem perspectiva de elucidação, pela dificuldade de encontrar indícios que levem a um possível executor.

A falta de respostas nos exames, realizados no corpo da vítima e no local, e de testemunhas oculares, que pudessem auxiliar na apuração, fazem com que o inquérito permaneça sem conclusão. A polícia nunca conseguiu esclarecer, sequer, se houve homicídio ou suicídio. À família, resta apenas aguardar. A morte de Luzia Pinheiro deixou o Instituto de Ciminalística (Icrim) e a polícia sem rumo. No caso do Icrim, por trazer resultados inconclusivos, que prejudicaram o trabalho de investigação. Mas, por ser a Delegacia de Homicídios uma unidade de investigação de casos de difícil elucidação, pela falta de testemunhas e pistas, há esperança de um dia o crime ser esclarecido.

Os fatos

Alguns fatos chamaram atenção para o caso, principalmente um bilhete encontrado na bolsa da vítima, no qual ela escreveu “Jackson, tu és mal com aqueles que te elegeram. Me perdoem professores, mas assim foi melhor. É tudo pelos professores”.

Mais tarde, na gaveta da sala da escola onde a diretora trabalhava, foram encontradas cartas com teor semelhante. Todo o material foi periciado e confirmado terem sido escritas por ela. Estes fatos fizeram com que a possibilidade de suicídio fosse levantada com maior força.

Luzia Pinheiro estava deprimida, preocupada e, sobretudo, queria deixar a função de diretora, pois os professores estavam em greve há mais de um mês e ela vinha sofrendo pressão deles, para que não colocasse falta, e da Secretaria de Educação, para que denunciasse os faltosos.

Na tarde de 14 de agosto, ela saiu de sua residência, no Maiobão, com o firme propósito de se demitir do cargo na Secretaria de Educação, no Monte Castelo, mas nunca chegou ao destino. Dois dias depois seu corpo foi achado no Araçagi.

Laudo

O laudo do Instituto Médico Legal (IML), divulgado ainda no dia do achado, apontou para morte por estrangulamento, o que diminuiria a possibilidade de suicídio, uma vez que teria acontecido com o próprio sutiã da vítima, amarrado com três nós do lado esquerdo. O diretor do IML, porém, ressaltou que somente a perícia criminal poderia afirmar com certeza se o estrangulamento ocorreu em um suicídio ou homicídio.

A perícia técnica, no entanto, demorou a dar respostas e quando as deu nada esclareceu. Todos os laudos do Icrim foram inconclusivos, exceto o grafotécnico que confirmou a letra da vítima nos bilhetes.

O Icrim não soube dizer se Luzia Pinheiro havia sido morta no local onde seu corpo foi achado, alegando que não houve preservação da área onde o cadáver estava. Também não soube dizer, pelo material colhido do estômago da vítima, se ela estava sob efeito de bebida alcoólica ou de entorpecentes. Não foi possível esclarecer ainda se manchas encontradas na calça dela eram de sangue, de terceiros ou dela mesmo.

Sem a precisão técnica, a polícia ficou perdida nas indagações e chegou a questionar várias vezes o taxista que conduziu Luzia Pinheiro até o Araçagi. O homem, que foi quem levou a família até o local e ajudou nas buscas, teria visto um cartaz onde a diretora era apontada como desaparecida e entrou em contato com os familiares dela, para informar que ele a tinha conduzido.

Informações

Para a polícia, os esclarecimentos do taxista são vagos. Ele revelou que a mulher queria ir a uma casa de eventos no Araçagi, para fazer uma visita a um parente, e nas proximidades perguntou se ele teria troco para R$ 100,00.

Como o taxista informou que não, ela foi a uma mercearia onde comprou dois pacotes de pão de forma e uma garrafa de dois litros de refrigerante, que foram encontrados intactos ao lado do corpo. Nenhum dinheiro foi roubado.

Causou estranheza à polícia o taxista saber o valor exato do troco dado no estabelecimento comercial e ninguém tê-lo visto na área. Chegou a ser cogitada a hipótese de Luzia Pinheiro ter um caso extra-conjugal, mas seus familiares negaram com veemência.

Quem teria motivo para matar Luzia Pinheiro, se ela mesmo não se matou? Quem teria poder para atraí-la a um local desabitado como a praia do Araçagi durante a semana, senão a vontade de estar sozinha para dar cabo à sua vida? A possibilidade de latrocínio foi totalmente descartada, uma vez que nada, além da vida da vítima, havia sido levado. A polícia ainda luta para esclarecer o caso.

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