Tambor

Casa Fanti-Ashanti completa meio século

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 13h48

SÃO LUÍS - Para comemorar 50 anos de atividades ligadas ao tambor de mina e candomblé, a Casa Fanti-Ashanti realiza uma vasta programação, que foi iniciada dia 1º com rituais e toque de tambor, em sua sede, no Cruzeiro do Anil. Hoje, às 19h, será aberto o roteiro de discussões, com direito a mesas-redondas, palestras e exposições sobre a história da Casa, religião, cultura popular e temas sociais. As atividades acontecem até o dia 31 deste mês.

Na programação de hoje, o tema da mesa-redonda será Religião Afro Maranhense: Seus aspectos e perspectivas para o futuro. A intenção é mostrar como a tradição está sendo preservada pelas novas gerações. Amanhã, as questões de raça e religião também continuam em destaque. Desta vez, abordando os aspectos raciais como discriminações e intolerância religiosa por meio do tema Etnia, Raça e Gênero e, no sábado, o roteiro é de festa com a tradição do ritual de queimação de palhinhas e realização de tambor de mina.

A comemoração, aberta ao público, tem a idéia de aproximar a comunidade das atividades da Casa. “Quanto mais gente aparecer, melhor para a cultura e religião do Maranhão e a Casa está aberta para pesquisas e visitações”, explica o babalorixá Euclides Menezes Ferreira, fundador da Casa.

Durante o mês de janeiro, a programação terá ainda palestras e mesas-redondas abordando aspectos relacionados à saúde da população negra, doenças sexualmente transmissíveis e políticas públicas voltadas para as comunidades de terreiro. Debater temas da religião, raça e das relações sociais é um dos objetivos das atividades realizadas pela Casa há alguns anos. “É muito importante contar com esses temas. Inclusive, a Casa realiza seminários de dois em dois anos e trabalha com assuntos variados”, ressalta Euclides Menezes.

HISTÓRICO

E a discussão não é para menos, sendo tradição do local nesse meio século de existência. A Casa Fanti-Ashanti foi inaugurada em 1958, com o nome de Tenda de São Jorge Jardim de Ueira, mas se tornou mais conhecida a partir da nova denominação. Segundo seu fundador, a “nação” da Casa teve como primeira matriz o Terreiro do Egito, fundado em São Luís, em 1864, por uma africana de Cumassi (Gana), que funcionou até o fim da década de 70 e onde Pai Euclides foi iniciado.

A Casa recebeu esse nome em referência aos Fanti e Ashanti, povos da antiga Costa do Ouro, na África, atual República de Gana. Além dos rituais do tambor de mina, do candomblé e das festas de Ogum, Oxossi, Obaluaiê, Oxum, Oxalá, Nanã, Oxumaré, Xangô, Oxumaré e Oyá, a Casa realiza o “Samba de Angola” para os boiadeiros e rituais ligados à pajelança, ao catolicismo popular (Espírito Santo) e ao folclore (como o boi de Corre Beirada e o Tambor de Taboca).

O babalorixá é pioneiro em São Luís na prática do candomblé. Um dos rituais realizados na Casa, o Baião de Princesa ganhou registro em dois CDs produzidos pelo grupo Barca, de São Paulo. A Casa, considerada reduto de tradição africana e referência no Brasil sobre culto aos voduns do Dahomé, foi objeto de monografias de mestrado, teses de doutorado e foi tema de livros dos antropólogos Maria Amália Barretto (1987), Mundicarmo Ferretti (2000), Álvaro Roberto Pires (1999) e de três livros publicados pelo seu fundador e pai-de-santo Euclides Ferreira (1987).

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