SÃO LUÍS - Muita gente não sabe, mas cerca de 50 árvores são tombadas pelo patrimônio histórico estadual. Entre elas, estão duas da espécie Ceiba pentranda (as barrigudeiras do Monte Castelo e do Parque do Bom Menino), dezenas de figueiras (conhecidas como Fícus microcarpa), palmeiras imperiais (Roystonea oleraceae), oitizeiros (Licania tomentosa), além de uma reserva de jaraçuais e buritizais.
As árvores tombadas ficam nos principais pontos turísticos de São Luís. Os oitizeiros tombados foram plantados nas praça Deodoro e João Lisboa; as fícus, na avenida Beira-Mar e praça Deodoro; as palmeiras imperiais, nas praças Gonçalves Dias, Bendito Leite e Palácio dos Leões; e a reserva de jaraçuais e buritizais está localizada no Km-8 da BR-135, no bairro Maracanã. A reserva tem uma área de cerca de 180 hectares.
Essas árvores foram tombadas pelo Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Paisagístico do Maranhão (DPHAP), por meio do decreto 11.593, do dia 12 de outubro de 1990, publicado no Diário Oficial do Estado, dia 24 de outubro daquele ano. Na época, o tombamento dessas árvores ocorreu baseado na lei 3.999, do dia 20 e dezembro de 1978, e na resolução nº 018, do Conselho Estadual de Cultura, de novembro de 1987.
O tombamento dessas árvores teve como objetivo protegê-las da urbanização acelerada da cidade, principalmente as unidades mais raras, como é o caso das barrigudeiras do Monte Castelo e do Parque do Bom Menino. Isso quando São Luís tinha cerca de 600 mil habitantes. Ao todo, da elaboração do projeto de preservação dessas unidades até a publicação do decreto de tombamento no Diário Oficial do Estado, foram três anos de tramitação do processo.
“O avanço industrial e tecnológico por que passa São Luís está acelerando, de forma predatória, a ação de especulação imobiliária, devastando áreas consideradas reservas (cinturões verdes). Por isso, justifica-se plenamente que todas as árvores antigas, raras e ameaçadas de extinção sejam incluídas como Patrimônio Histórico do Estado, tornando-as imunes ao corte, preservando, assim, essas plantas”, diz o projeto de tombamento das árvores, datado do dia 3 de novembro de 1987, ao qual O Estado teve acesso.
“Essas árvores têm um valor histórico e simbólico incrível e, por isso, precisam ser preservadas. Preservar essas árvores é manter viva a história da nossa cidade”, complementou o chefe do DPHAP, Alan Jorge Pires.
Ameaça
Apesar da importância histórica dessas plantas, visto que algumas têm aproximadamente 200 anos de idade, sete árvores tombadas pelo DPHAP caíram ou foram derrubadas nos anos de 2006 e 2007. Dia 17 de março do ano passado, uma figueira da praça Deodoro caiu, por volta das 16h, destruindo parcialmente um automóvel que passava pelo local naquele momento e deixando o motorista, Francisco Eloílson Feitosa Gadelha, bastante ferido. O veículo atingido era um Clarus, de placas LVO-1416 de Teresina (PI).
Já no final de agosto, também de 2006, mais cinco figueiras tombadas pelo patrimônio histórico foram retiradas do canteiro central da avenida Beira-Mar, por causa do projeto da Prefeitura de São Luís de melhoria do fluxo de veículos na área. E, mais recentemente, dia 4 de julho deste ano, a praça Odorico Mendes perdeu sua única figueira em virtude do acentuado estado de envelhecimento da árvore e também porque esta apresentava risco de queda iminente. Esse, por sinal, deverá ser o mesmo destino da barrigudeira do bairro Monte Castelo.
Apesar da perda de plantas centenárias, segundo os técnicos do Instituto Municipal da Paisagem Urbana (Impur), não há um tratamento específico para preservar as árvores antigas. O processo de conservação é o mesmo aplicado no caso de vegetais mais jovens: poda e aplicação de produtos fitossanitários, quando necessário.
“Uma planta precisa ser cuidada desde jovem para viver mais. Quando falo jovem, falo desde os 10, 15 anos de vida”, afirmou o coordenador de manutenção de Paisagem Urbana do Impur, Marconi Loiola.
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