BRASÍLIA - Poucos dias após a divulgação do péssimo desempenho dos estudantes do país em ciências, matemática e leitura, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos de 2006 (Pisa), o Governo federal decidiu pôr em foco a formação de professores. Nesta terça-feira (11), o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou a criação do “embrião do Sistema Nacional de Formação de Professores”.
De acordo com o ministro, 15 mil bolsas de iniciação à docência serão lançadas nesta quarta-feira (12), para próximo ano. O número de benefícios para 2009 já está estimado em 20 mil.
Além desta medida, compõem esse “embrião” o aumento de vagas em licenciaturas – cursos voltados para a formação de professores – nas instituições federais de ensino superior; a oferta de cursos de formação de professores, principalmente de física, química e matemática, nos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets); e a Universidade Aberta do Brasil (UAB), programa que pretende oferecer cursos de formação à distância para a docência.
Segundo o ministro, não basta que os docentes obtenham seus diplomas, também é necessário avaliar a qualidade dos cursos de formação. “Houve uma proliferação de cursos em geral. O ministério tem de fazer uma supervisão para encolher os cursos que não oferecem qualidade e garantir a expansão de outros, com qualidade”, disse.
A presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Juçara Maria Dutra Vieira, discorda de parte das medidas. “As iniciativas são positivas, mas são insuficientes para atender às demandas de professores”, disse. Para Juçara, as condições fundamentais para criar o interesse no jovem de se tornar um professor, são a valorização do salário e da carreira.
“Também somos contra a formação superior de professores feita à distância, proposta da Universidade Aberta do Brasil. A metodologia presencial é melhor para a formação inicial”, afirma.
Haddad participou, nessa terça-feira, de um seminário da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em Brasília. Também estiveram no evento os ex-ministros da Educação Cristovam Buarque (PDT) e Paulo Renato Souza (PSDB).
Certificação de professores
O ex-ministro Paulo Renato defendeu durante sua apresentação uma avaliação específica para professores. “A avaliação poderia mostrar às instituições de ensino o que se espera do aluno formado por elas”, argumentou. A proposta é amplamente criticada pela CNTE: “Os professores já são avaliados ao final da faculdade e no ingresso no mercado em concursos públicos”, diz Juçara.
A proposta pode ser discutida no ano que vem, segundo Haddad. Mas ainda não há diálogo estabelecido sobre esse tipo de exame.
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