BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), terá de enfrentar novas pressões políticas dentro da Casa. Dessa vez, por conta da descoberta da operação que possibilitou à sua família vender uma fábrica de tubaína em Murici (AL) por R$ 27 milhões para a Schincariol, embora a empresa estivesse com problemas financeiros e não valesse mais do que R$ 10 milhões.
Reportagem da revista "Veja" sobre a negociação afirma que Renan teria atuado em favor da Schincariol no INSS, para impedir que a dívida de R$ 100 milhões da cervejaria fosse executada, e na Receita Federal, contra a multa por sonegação de impostos.
O PSOL entra nesta segunda-feira (9) com pedido para que a denúncia seja incorporada ao processo instalado contra Renan no Conselho de Ética por suposta quebra de decoro parlamentar - o senador teria tido despesas pessoais pagas pelo lobista de uma empreiteira, o que ele nega.
Na avaliação dos parlamentares, a nova denúncia deve comprometer a já fragilizada base de apoio do senador Renan Calheiros, que é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista ligado a uma empreiteira.
Membro do colegiado, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) afirma que, diante das dúvidas deixadas pela transação, seria adequado questionar o próprio Renan para checar se ele procurou mesmo a Receita e o INSS. “Uma simples perícia mostraria se houve ou não algum fato estranho”, ressalva.
Também o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defende que, antes de qualquer iniciativa, seja dada ao presidente do Senado a chance de apresentar sua versão. Para ele, isso poderá ser feito quando Renan for ao Conselho de Ética falar da documentação sobre a venda de gado. “Ele já me assegurou que quer ir ao conselho prestar esclarecimentos”, afirma. “É a oportunidade de também falar desse outro assunto.”
O Grupo Schincariol, por meio de nota, “repudia as ilações que relacionam suas decisões de negócio a questões políticas”. A cervejaria diz que tem como estratégia ampliar “sua capacidade produtiva no Norte/Nordeste”, onde já fez investimentos de R$ 400 milhões nos últimos dois anos, entre aquisições, ampliação e construção de novas fábricas.
As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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