SÃO LUÍS - Mercado turístico na capital maranhense tem se adaptado à procura pelos prazeres do sexo. Gerente de um luxuoso hotel da cidade admite que cerca de 50% de seus hóspedes estão interessados em pagar por acompanhantes nas noites da capital. Funcionários do setor hoteleiro assumem, discretamente, fornecer esse tipo de informação aos turistas.
Pousadas do Centro Histórico oferecem quartos pelo preço de R$ 10,00 por três horas, com direito a vídeo pornô, toalhas e serviço de quarto. Boates de strippers são “pontos turísticos” muito procurados, segundo taxistas.
“Realize suas fantasias”; “lindas garotas”; “popozuda”; “negro bem-dotado” e “18 aninhos” são alguns dos atributos encontrados na seção dos classificados dos jornais da cidade, que, de acordo com os turistas, é uma das primeiras fontes para obter uma companhia. Os próprios hotéis disponibilizam jornais. Na recepção, podem ser encontrados panfletos de divulgação de casas noturnas.
- Temos que oferecer o serviço de informação ao cliente. Se ele quer, a gente tem que ter -, justifica a gerente de vendas de um luxuoso hotel da capital.
- Os recepcionistas que dão as dicas, em alguns casos, chegam a receber ‘comissão’ por divulgar o contato das garotas de programa -, conta um taxista da Praia Grande, que não quis se identificar. De acordo com ele, a procura por profissionais do sexo é intensa. Ele chega a atender cerca de três turistas por semana.
- O gringo entra no táxi e, no percurso, nos aborda perguntando onde encontrar morenas novas e avantajadas -, relata.
Outro taxista, que trabalha há 15 anos no ramo, afirma que italianos, coreanos e alemães, tripulantes de navios ancorados no Porto do Itaqui, são os maiores interessados. Mas também há brasileiros, das regiões Sul e Sudeste.
- Indicamos, principalmente, boates localizadas nos bairros Turu e Parque Vitória. E, embora muita gente não admita, a Praia Grande também é muito procurada por turistas por causa das garotas de programa -, diz.
Pousadas
As profissionais do sexo entrevistadas por O Estado denunciam que, em época de baixa temporada, grande parte das pousadas do Centro Histórico funciona como motéis, a preços que variam entre R$ 10,00 a R$ 50,00.
- Esses lugares não têm condição de se manter com apenas três hóspedes por mês, e alugam quartos baratos para clientes que desejem apenas passar algumas horas com uma acompanhante -, afirma. Elas informam ainda que turistas e prostitutas não são os únicos a usufruir das pousadas. Casais de namorados também utilizam essa alternativa.
O delegado de Turismo Fernando Belfort assinala que em 2006 não foi registrada nenhuma denúncia de turismo sexual na cidade.
- A gente reconhece que a prostituição existe. Ela não é ilegal. O que é contra a lei é o rufianismo, ou seja, manter casas de prostituição -, explica.
O delegado ressalta que, em São Luís, não há o turismo sexual propriamente dito.
- O turista não projeta a viagem idealizando, em primeiro lugar o sexo, mas acaba buscando-o quando chega aqui. É um turismo que tem somente um traço do turismo sexual, o que é absolutamente normal -, diz ele.
Só na capital existem 1.050 profissionais do sexo cadastradas na Associação das Profissionais do Sexo do Maranhão (Aprosma). Maria de Jesus Almeida Costa, coordenadora da Associação, conta que, cada vez mais, os turistas têm buscado a prostituição e que o mercado do turismo tem se adaptado a essa demanda.
- Os turistas fazem exigências, querem meninas novas, bonitas e saudáveis. O turismo traz com ele renda para a cidade, mas alimenta também a prostituição. Só burro não vê isso, e besta quem não se adequar -, enfatiza.
Fique por dentro
A Constituição permite a prostituição do corpo, desde que a pessoa seja maior de idade e capaz. Já a prostituição de crianças e adolescentes é proibida por lei. Denúncias de exploração infantil podem ser feitas pelo Disque 100.
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