Marcar exames exige longa espera

Usuários reclamam que passam até três meses para conseguir marcar um exame na Cemarc.

Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h11

SÃO LUÍS - Com capacidade para atender um fluxo diário de aproximadamente 400 pessoas, a Central de Marcação de Consultas (Cemarc), da Prefeitura de São Luís, localizada na Alemanha, tem sido alvo de reclamações de usuários que não conseguem marcar exames. Até aqueles considerados simples, como de fezes e urina, estão demorando até três meses para serem marcados. Além disso, alguns usuários denunciaram que há pessoas especializadas na venda de vagas na Central.

O técnico em eletrônica José Raimundo Campos Guimarães, de 50 anos, é um caso emblemático da dificuldade que os usuários têm para marcar consultas na Cemarc. Há aproximadamente um mês, ele, que mora no João de Deus, tenta conseguir três exames oftalmológicos para a sua esposa, Maria do Socorro Silva. Na primeira tentativa, ele chegou quatro horas antes da abertura dos postos de atendimento da Cemarc. Ontem, José Raimundo radicalizou: chegou com 14 horas de antecedência. O esforço, em tese, trouxe resultado: a senha de número um seria a garantia de que, finalmente, ele conseguiria marcar o exame para a sua esposa, mas foi um ledo engano.

“Me disseram que hoje não é dia de marcação de consultas. Acho que isso é um absurdo e sempre me dizem a mesma coisa. Já vim na segunda, terça, quarta, quinta e sexta-feira e nunca é dia de marcação de consulta oftalmológica. Já não sei o que posso fazer. Acho que marcar consulta aqui, somente por milagre”, ironizou o técnico com a requisição datada de 16 de outubro.

De fato, a história de José Raimundo não é a única. Dezenas de pessoas se aglomeram na porta da Cemarc, desde as primeiras horas da manhã, na intenção de marcar uma simples consulta. A maioria das pessoas chegam por volta das 5h, contudo, há vários casos de usuários que chegam mais cedo ou, até mesmo, dormem na fila como foi o caso de José Raimundo Campos Guimarães.

Os usuários sabem somente o horário de chegada, nunca de quando sairão do local. A dona-de-casa Gentília Faria Mendes, de 27 anos, chegou à Cemarc por volta das 4h. Mostrando a senha nº 125, ela tenta, há aproximadamente um mês, simples exames de fezes para a sua mãe, Rosana Barros, de 54 anos, que mora no povoado de Buriti de Inárcia Vaz, próximo a Chapadinha. Ela já foi ao posto três vezes; em nenhuma obteve sucesso. “Saio cedo de casa para vir para essa humilhação e nada. Acho um desrespeito à população esta Cemarc”, reclamou ela. Vale lembrar que dos oito guichês da Cemarc, cinco são para exames considerados simples.

A também dona-de-casa Josenildes Melo Arouche, de 30 anos, tenta marcar uma série de exames de rotina há aproximadamente três meses e até agora não conseguiu. Ontem, na esperança de conseguir marcar os seus exames, ela chegou às 4h. Com a senha nº 154, o semblante pesado pelo cansaço físico e praticamente sem voz, por conta de problemas na garganta, ela já não tinha tanta esperança de ainda ser atendida. “Vou perder mais um dia aqui. Já estou me acostumando”, disse ela. Outra que chegou cedo, mas não tinha esperanças de ser atendida, foi a autônoma Raimunda Duarte, de 53 anos, que mora em de São José de Ribamar e tentava ontem marcar exames cardiológicos e dermatológicos. “Estou aqui desde às 6h e até agora, pelo que vi no guichê, atenderam somente os 20 primeiros. Minha senha é a 179. Que horas eu vou sair daqui?”, indagou a usuária.

VENDA

Uma outra reclamação de usuários da Cemarc é a possível venda de senhas. Segundo eles, há pessoas que se especializam em vender senhas por valores que variam de R$ 10,00 a R$ 20,00. Eles disseram ainda que, curiosamente, os vendedores de senhas são os únicos que conseguem mais de um lugar, o que não é aceito pela coordenação da Central. A venda aconteceria de duas formas: ou o cidadão combina antes com os vendedores, acertando preço e horário para resgatar a senha, ou os vendedores fazem o negócio na chegada do usuário, ainda de madrugada. “Já vi um homem aqui de manhã com até oito senhas, vendendo-as”, contou o autônomo Sidney Costa, de 30 anos.

“Já vi muitos comprando lugares por aqui. Tanto que, semana passada, quase teve briga porque uma pessoa tentou resgatar uma senha, entrou no lugar de outra e acabou expulsa pela população”, ressaltou Maria de Fátima Sousa, de 32 anos.

A Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou que ontem, especificamente, a demora para atendimento das pessoas foi provocada por uma pane no sistema ocorrida no início da manhã e também pela grande demanda que a Cemarc tem de atender. Segundo números da Semus, nos 68 boxes são atendidas cerca de cem mil pessoas.

Sobre a venda de senhas, a Semus assinalou que não há informação oficial de que esteja ocorrendo esse problema e que, assim que estiver informada sobre o caso, tomará as medidas cabíveis. Qualquer reclamação, denúncia ou sugestão, pode ser feita pelo telefone 3212-4316. No caso de denúncias, o nome do usuário ficará em sigilo.

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