SÃO LUÍS - Feirantes de São Luís denunciaram mais uma vez a falta de compromisso do poder público em relação aos mercados e feiras livres da cidade. As estruturas físicas precárias e a falta de higiene e orientação são as principais reclamações.
O cenário da maioria das feiras normalmente é formado por resto de alimentos no chão, moscas, animais rondando os alimentos e sujeira, além da falta de cuidado com o manuseio dos produtos à venda. Essa realidade foi mostrada ontem na Câmara Municipal de Vereadores, com a exibição de um vídeo com imagens de várias feiras da cidade.
O painel foi realizado por iniciativa do vereador Gutemberg Araújo. “Resolvi solicitar esse painel por vontade própria e por solicitação da população. Tenho observado o estado das feiras e vi que realmente a situação é muito precária”, afirmou ele, dizendo ainda que o órgão público responsável, no caso a Prefeitura Municipal de São Luís, tem que tomar alguma atitude. “Desse painel sairá um documento que será enviado à Prefeitura para que tomem alguma atitude urgentemente”, afirmou ele.
Estiveram presentes à Câmara, representantes das associações de feirantes de vários bairros de São Luís, a diretora da Federação do Comércio do Estado do Maranhão e presidente do Sindicato dos Comerciantes Varejistas e Feirantes de São Luís, Ivanilde Sampaio da Silva; o representante do Instituto Municipal de Produção e Renda (IPR), Hélio Almeida, e Raimundo Nonato, chefe do núcleo de alimentos da Vigilância Sanitária do Estado do Maranhão.
Bairro de Fátima
Francelino Pereira, representante da Associação de Feirantes do Bairro de Fátima, disse que as reclamações são praticamente as mesmas por parte de todos os feirantes. No caso da feira do Bairro de Fátima, o telhado foi “condenado” há vários meses por um engenheiro da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), mas nunca foi feito nada para resolver o problema. O piso também está deteriorado. Além da questão física, outros feirantes deixaram de vender no mercado e foram trabalhar em uma das praças do bairro, pois lá não pagam taxas e têm mais lucro. “Eles sujam a praça.
Fica tudo cheio de lixo. É triste. Mesmo a gente reclamando ninguém faz nada. Nós continuamos pagando a taxa e trabalhamos em um lugar em péssimas condições”, denunciou Pereira.
Essa concorrência desleal por parte dos feirantes que vendem nas ruas e praças sem pagar taxas também faz parte das reclamações. Eles acreditam que isso acontece por falta de estrutura. “Tudo é conseqüência da falta de orientação e acompanhamento. Se nossas feiras fossem arrumadas e bem organizadas ninguém venderia fora e os consumidores fariam questão de comprar conosco”, ressaltou Ivanilde Sampaio. Ela disse que a terceirização das feiras foi uma coisa boa, mas o abandono delas nas mãos apenas das associações não é justo.
A feirante contou que quando as feiras foram entregues já estavam em estado precário e só são mantidas hoje por vontade e trabalho dos próprios feirantes, que muitas vezes tiram do lucro das vendas um percentual para fazer reparos necessários e urgentes. “A arrecadação da gente mal dá para pagar água, energia e outras despesas.
Eles deixam a gente de lado e as pessoas ficam dizendo que nós somos desorganizados. Como ter uma organização maior se não temos ajuda nem parceiros?”, perguntou Ivanilde Sampaio, ressaltando que essa não é a primeira vez que é realizado um painel sobre o assunto na casa e a situação continua a mesma. “Queremos que a Prefeitura gaste o dinheiro destinado às feiras da melhor forma. Não é justo que só a gente banque isso. Eles também têm responsabilidade”, completou.
Feirantes denunciaram que no João Paulo, por exemplo, existem dois espaços de comercialização ao redor do mercado, onde os vendedores não pagam impostos e ainda conquistam os clientes que vão para a feira do bairro, mesmo sabendo que os alimentos estão em péssima conservação, piores que os da feira. “É necessário um acompanhamento em relação às condições de conservação e tratamento dos alimentos. Os supermercados têm conquistado os clientes que preferem às vezes pagar mais caro, mas comprar um alimento bem condicionado e tratado”, disse o vereador Gutemberg Araújo.
Ele lembrou que na feira as pessoas vão em busca de saúde e acabam achando muitas vezes as doenças. Ele citou também o caso da feira do Monte Castelo, que atualmente só tem funcionando quatro boxes em um local que deveria funcionar 20. “É uma feira precária cuja estrutura está completamente abandonada. Se nada for feito para revitalizar e urbanizar esses locais, todas vão acabar como a de lá”, alertou.
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