RIO - Com poucas explorações em águas rasas e poços terrestres até os anos 90, a Petrobras chegou a pensar em sair do Espírito Santo. Ao final do ano passado, porém, as reservas comprovadas no Estado já totalizavam 1,9 bilhão de barris de óleo equivalente (boe), o que faz do Espírito Santo o segundo maior em reservas no país, perdendo apenas para o Rio de Janeiro.
- As perspectivas são extremamente promissoras. De 2006 a 2010, o Estado receberá o segundo maior investimento da Petrobras, que aplicará US$ 6 bilhões na exploração de novos campos e na construção de infra-estrutura de produção, transporte e beneficiamento de óleo e gás - assinala Márcio Félix Bezerra, gerente geral da Unidade de Negócio de Exploração e Produção do Espírito Santo (UN-ES) da estatal.
Para 2010, as previsões indicam produção de 380 mil barris diários de petróleo (bdp) e 10 milhões de metros cúbicos de gás por dia, podendo chegar a 14 milhões. Hoje, são produzidos 36 mil bpd de petróleo e 1,3 milhão de metros cúbicos de gás.
A Petrobras chegou ao Espírito Santo em 1957, para prospectar poços terrestres na região Norte. A primeira descoberta comercial data de 1969, num poço terrestre no município de São Mateus. Do pico de 25 mil barris diários de petróleo, em 1984, a produção entrou em declínio até chegar a 8 mil bpd em 1998. Mas, como geologicamente, a Bacia de Campos não termina na fronteira entre o Rio e o Espírito Santo, seguia acesa a esperança de descobertas sob as águas.
No final da década de 90, ao mesmo tempo em que iniciou processo de reavaliação de campos maduros em terra, a Petrobras fez as primeiras descobertas em águas profundas no Estado. Em 2001, foi descoberto o Campo de Jubarte, que entrou em operação em 2002. Em 2003, foi a vez de Golfinho e, no final do mesmo ano, a Petrobras declarou a comercialidade dos campos de Baleia Franca, Baleia Anã, Baleia Bicuda e Baleia Azul.
- Nos últimos cinco anos, as atividades de exploração e produção da Petrobras no Espírito Santo se tornaram um exemplo de revitalização. Do rejuvenescimento de campos maduros em terra, passando pela exploração em águas profundas e ultraprofundas, ao desenvolvimento de reservas de gás natural - afirma Bezerra.
Em março do próximo ano, a plataforma P-34 deverá começar a produzir em Jubarte, com 60 mil bpd por dia. Já a fase 2 de Jubarte, prevista para 2009, com a plataforma P-57, significará mais 180 mil bpd. Em maio de 2006, será a vez do navio petroleiro FPSO Capixaba entrar em Golfinho, com 90 mil bpd. E, em janeiro de 2007, chegará a Golfinho o FPSO Vitória, extraindo 100 mil bpd.
- Jubarte e Golfinho entrarão em operação num momento histórico para o país, coincidindo com a auto-suficiência na produção de petróleo - comemora Bezerra, que antes de assumir a gerência geral da UN-ES comandou o Projeto Jubarte.
De acordo com o gerente de suporte técnico da Unidade de Negócio e Exploração e Produção do Espírito Santo (UN-ES) da Petrobras, Nery Vicente de Rossi, as atividades operacionais de exploração e produção da Petrobras no Espírito Santo estão distribuídas em cinco frentes:
Pólo Norte - com operação em mais de 300 poços terrestres, destaca-se por óleo pesado e extra-pesado. A produção média anual em 2005 foi de 20 mil bpd. Descoberto em 1996, o Campo de Fazenda Alegre possui o maior volume de petróleo onshore do Estado, com 13º API e boa qualidade de refino para a produção de lubrificantes. Já no município de São Mateus, perfurações mais recentes mostraram a existência de petróleo também de 13º API. Estima-se um volume recuperável de 50 milhões de barris, mas sua comercialidade ainda está em estudo.
Pólo Gás - representado pela produção e processamento de gás natural onshore e pela produção no campo marítimo de Peroá, a cerca de 50 quilômetros da costa de Linhares, que deverá ser iniciada em novembro deste ano. O projeto contempla uma plataforma fixa de produção ligada à Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas por um gasoduto com extensão de 56,2 quilômetros. A comercialização de gás natural prevista para novembro deste ano é de 1,3 milhão de metros cúbicos por dia. A partir de 2006, com a duplicação do gasoduto Cacimbas-Vitória, a oferta poderá superar os 3 milhões de metros cúbicos por dia.
Pólo Óleo Leve Águas Profundas - destaca-se pela descoberta, em 2003, do campo de Golfinho, em lâmina d'água entre 1,3 mil e 1,4 mil metros de profundidade. Golfinho está no antigo bloco exploratório BES-100 e produzirá, a partir de maio 2006, através do navio petroleiro FPSO Capixaba, 90 mil bpd de óleo leve de aproximadamente 40º API. Em janeiro de 2007, o FPSO Vitória deverá iniciar as operações no campo, com 100 mil bpd.
Pólo Óleo Pesado Águas Profundas - formado pelo chamado Parque das Baleias, que reúne os campos de Jubarte, Cachalote, Baleia Franca, Baleia Anã, Baleia Azul e Baleia Bicuda, no litoral Sul do Estado. Apresenta reserva total de mais de 1 bilhão de boe de óleo pesado. Em 2001, foi perfurado o primeiro poço no campo de Jubarte, localizado no antigo bloco BC-60, com reservas de 600 milhões de barris. A produção começou em 2002. Com óleo de 17º API, o mais pesado produzido em águas profundas, o campo completou três anos de produção no último dia 21 de outubro, tendo extraído mais de 16 milhões de boe. A fase 1 do projeto Jubarte, em março do próximo ano, contempla a entrada em operações da plataforma P-34, hoje em reformas no Porto de Vitória com investimentos de US$ 88 milhões. Já a fase 2 de Jubarte, prevista para 2009, acrescentará 200 mil bpd.
Pólo Óleo Leve Águas Ultraprofundas - representado por uma descoberta no antigo bloco exploratório BC-60, ainda em avaliação. No final de 2003, a Petrobras realizou dois testes com recuperação de óleo de 40º e 42º API. No momento, seguem os estudos para determinar a economicidade dessas acumulações.
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