SÃO LUÍS - Dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) mostram que é crescente o número de crianças e adolescentes em situação de rua dependentes de drogas em São Luís.
O número também aumenta quando se trata de variação de uso de entorpecentes. As informações foram obtidas a partir de estudo realizado com uma amostragem de 174 entrevistados, listados pela Fundação Municipal de Assistência da Criança e Assistência Social.
As drogas psicotrópicas mais freqüentemente utilizadas são tabaco, 31,6%; solventes, 22,4% e álcool, 2,9%.
O relatório sobre esta pesquisa foi lançado há 15 dias, em Brasília, e mostra que produtos químicos considerados de venda lícita, como cola, esmalte e tantos outros solventes, estão sendo progressivamente utilizados como alucinógenos por crianças e adolescentes que vivem pelas ruas da cidade.
Entrevistados
Dos 174 entrevistados, 153 eram do sexo masculino, em estudo que envolveu crianças entre 9 e 18 anos.
Apesar de estarem constantemente nas ruas, 130 crianças e/ou adolescentes consultados também moravam com a família.
Entre os principais motivos atribuídos para a situação de rua dos entrevistados estão a diversão, liberdade, falta de outra atividade, sustento para si e/ou família.
Uma das principais razões para o aumento do consumo de drogas psicotrópicas está na facilidade de acesso a tais produtos químicos, haja vista a liberação de comercialização.
“Essas informações foram colhidas em pontos críticos da cidade, como na Cohab, Forquilha e Ilhinha. É importante ressaltar que a maioria dessas pessoas não são moradoras fixas de rua, elas têm casa, mas recorrem às ruas por problemas ou insatisfações no lar”, declara o médico psiquiatra e integrante da equipe de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Paulo Roberto Aranha de Macedo.
A pesquisa é desenvolvida em cada estado e respectivas capitais. Uma peculiaridade apresentada em São Luís foi detectada na proporção de jovens que relataram passarem mais horas por dia em situação de rua. 79,9% passam seis ou mais horas por dia.
Os dados foram colhidos a partir da necessidade de gestores de saúde em direcionar ações em saúde pública. A pesquisa foi o pontapé inicial para a intensificação de trabalhos de apoio à rede de saúde mental e ao desenvolvimento de programas sociais.
O relatório já foi encaminhado para a Prefeitura de São Luís e para o Governo do Estado.
“A situação detectada na pesquisa é grave e mostra mais uma vez que as drogas lícitas devem ter atenção maior por parte do poder público. Há a necessidade de desenvolvimento de política de atenção a essas crianças, que são socialmente doentes. As pessoas tendem a desenvolver programas errôneos de trancafiamento de menores”, avaliou Paulo Roberto Aranha de Macedo.
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