SÃO LUÍS - O que deveriam ser áreas de lazer, ambientes freqüentados pela comunidade, hoje são o retrato do abandono. Os Vivas, implantados em vários bairros durante o governo de Roseana Sarney, para servirem de espaço de lazer e apresentações culturais em vários bairros, estão abandonados.
Somente nos bairros onde os moradores tomaram para si algumas responsabilidades sobre os espaços é que as estruturas mantêm-se cumprindo os objetivos para os quais foram idealizados e construídos.
Em alguns bairros, a situação é bem pior. O Viva Alemanha, por exemplo, ficou apenas no projeto. A praça que antes existia na área permanece somente na lembrança do taxista João de Morais Sousa. “Hoje, não tem mais nada”, lamentou.
“Na praça da Alemanha, havia três barzinhos e uma quadra de esportes, onde estudantes do bairro tinham aula de Educação Física”, lembrou o taxista Isael Rodrigues da Silva. No início da obra, os bares e uma residência foram demolidos. No local, agora só restam entulhos, rodeados por um enorme tapume e bem ao centro um barraco, onde mora a família desabrigada, que aguarda, há mais de um ano, por uma indenização. Sem o bar e a residência, resta apenas um cômodo para a família de quatro pessoas e a esperança de conseguir ter uma casa novamente. Por medo de piorar ainda mais a situação, eles preferem não falar sobre o assunto, mas em um apelo simples mostram a revolta: “Governador, seja nosso amigo. O Viva da Alemanha está fazendo falta. Todos pedem e merecem conclusão”, assim está grafado em vermelho nos tapumes que circundam a área, visto diariamente pelas pessoas que trafegam pela avenida dos Franceses.
Projeto
De acordo com o projeto, o Viva Alemanha deveria ter 2.810 metros quadrados e ser construído na praça Newton Bello, no cruzamento das avenidas dos Franceses e Dom José Delgado. Deveria ter lanchonetes, sanitários públicos, rampa para deficientes físicos e até abrigaria o posto de táxi, que funcionava na área. Com a atual situação, Isael Rodrigues perdeu clientes. “Além de não ter mais os fregueses que freqüentavam a antiga praça, o posto de táxi não tem visibilidade da avenida” afirmou.
Outros Vivas da cidade também sofrem com o esquecimento. No Viva Liberdade, até as luminárias estão comprometidas. Há buracos no chão e os muros e bares estão pichados.
No Maiobão, a enorme área construída hoje tem esgoto estourado e banheiros sempre fechados. Os brinquedos estão destruídos, assim como os bancos e lixeiras. Josiane Martins é mãe e dona-de-casa. Deixa até os filhos brincarem na praça, mas somente enquanto está por perto. “Aqui é perigoso, principalmente à noite. É muito triste a situação dos Vivas”, lamentou a moradora.
População em Ação
Em bairros onde a população mostra força a situação é um pouco diferente. No Monte Castelo, a comunidade se uniu e recolheu 6 mil assinaturas, para que fosse instalado um posto móvel da Polícia Militar. Por ser uma área pequena e de segurança reforçada, “a praça funciona perfeitamente”, atestou o padre Vilson Basso, da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
No bairro Jaracati, a união dos moradores também está dando resultados. “Está é a única opção de lazer para as crianças do bairro. Se não tivesse o Viva, elas não iam ter onde se divertir. Além disso, o Viva deu um novo visual a esta área”, afirmou a moradora Iolanda da Silva.
O Viva Jaracati, cuja área é de 3.620 metros quadrados, foi construído ao lado da avenida Odorico Amaral de Matos. Constavam, como parte do projeto, a pavimentação de algumas ruas e a construção de uma escola para as crianças da área.
O Viva foi inaugurado em dezembro de 2003, desde então não passou por nenhuma manutenção. “O que dá para fazer a gente faz. O que não dá fica quebrado, como os brinquedos”, afirmou Iolanda da Silva, referindo-se ao playground. As ruas em volta da quadra foram asfaltadas, mas a escola nunca saiu do papel.
Diante das diversas solicitações dos moradores, o Ministério Público e a Prefeitura de São Luís decidiram implantar uma escola de ensino fundamental e infantil para atender a demanda na região. A obra deve começar em julho deste ano.
A Secretaria de Estado de Infra-estrutura (Sinfra) foi contactada diversas vezes, mas a informação obtida é que a pasta foi assumida há poucos dias e que a pessoa responsável ainda não está informada sobre o assunto.
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