SÃO LUÍS - O ex-deputado estadual José Gerardo de Abreu declarou-se inocente do assassinato do estudante José Antônio Penha Brito Júnior, de 13 anos, fato ocorrido em 19 de junho de 1988. Visivelmente pálido e abatido pelos cinco anos de reclusão em cadeia pública, mas, altivo e frio, ele foi ouvido ontem, em audiência de qualificação e interrogatório pelo juiz José Joaquim Figueiredo dos Anjos, da 2ª Vara Criminal. Também foram interrogados os acusados José Rodrigues da Silva, o Zé Júlio, e Airton Godin Feitosa, que também negaram envolvimento no crime.
Em seu depoimento, José Gerardo, que foi denunciado como mandante do crime, disse ao juiz que não sabia explicar porque foi acusado do crime. “Parece uma bola de neve”, completou. O ex-deputado falou que não chegou a fazer empréstimo no Banco do Brasil porque o gerente, identificado como Érico, lhe informou que o pedido havia sido indeferido, já que a sua empresa estava no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
José Gerardo havia falado com o superintendente nacional do Banco do Brasil, identificado como Calazans, que mandou que procurasse o Érico. “Não conheço Penha Brito, não sei quem é, nunca falei com ele. Não sei se houve outro funcionário do banco que tenha dado parecer sobre o empréstimo”, garantiu o acusado, frisando que também não conhecia Badan Palhares e Airton Godin. “Não sei se é médico ou o que é. Só o conheci pela TV e CPI. Zé Júlio só conheci no quartel da PM”, contou.
Ao juiz José Joaquim Figueiredo dos Anjos, Gerardo revelou que, mesmo não tendo conseguido o empréstimo no Banco do Brasil, comprou os ônibus que precisava, em outra oportunidade, por meio de outras empresas, não lembrando quanto recebeu em dinheiro nem a época exata do fato. Após o depoimento de José Gerardo, José Rodrigues da Silva, o Zé Júlio, foi qualificado e interrogado.
Zé Júlio
Acusado de ser o pistoleiro que seqüestrou e matou Brito Júnior, Zé Júlio também negou o crime. Ele disse que estava em Imperatriz na ocasião do episódio, justificou-se, alegando que, entre maio e junho de 1988, encontrava-se construindo o muro de sua casa e não ausentou-se daquele município enquanto não concluiu o serviço.
Zé Júlio também alegou que não conhecia Badan Palhares e Airton Godin, frisando que só conheceu José Gerardo na cadeia. O acusado contou ao juiz que conheceu Penha Brito, o pai da vítima, em 2000, quando foi trazido de Goiânia pela polícia. Na ocasião, dois delegados o levaram à Secretaria de Segurança e colocaram uma peruca loura em sua cabeça. “Eu fui colocado em várias posições dentro de uma S-10, como se dirigisse, mas ele não me reconheceu”, lembrou.
Godin
Airton Godin, o terceiro acusado de envolvimento no crime, ao ser qualificado e interrogado pelo juiz José Joaquim Figueiredo dos Anjos, também negou sua participação. Ele disse que não conhecia nenhum dos envolvidos, tampouco a vítima e sua família.
Sobre a motivação de sua acusação, ele atribuiu a uma possível trama de seu ex-sócio, Manoel Alicínio de Carvalho Cabral, e do advogado deste, Francisco Gaspar de Lima, além de “alguém muito importante dentro da instituição policial, que não sei o nome mas que seria muito amigo do advogado”, disse.
Airton Godin frisou que, segundo a polícia, Karla Regina, filha de Manoel Alicínio, tinha uma estreita amizade com o estudante. “Tudo isso é decorrente de bilhetes encontrados com a vítima e, por isso, o advogado e ela me atribuíram o crime, mas eu nunca vi estes bilhetes”, explicou.
O acusado confessou que chegou a conhecer José Humberto Gomes de Oliveira, o Bel, acusado de ser um dos mandantes da morte do delegado Stênio Mendonça, e fez duas declarações de imposto de renda, pessoa física, para ele, mas nunca conversaram sobre pessoas, apenas sobre trabalho.
Após o interrogatório, o juiz designou os dias 23 e 25 de fevereiro para os depoimentos das testemunhas de acusação no processo, José Antônio Penha Brito, José João Soares Costa, Patrício Câmara Filho, Lourival da Costa Santos, Érico Cavalcante Furtado, Elza Torreão Brito Furtado e Francisco Albino de Sousa.
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