Atriz Brigitte Bardot chora durante novo julgamento por racismo

Reuters

Atualizada em 27/03/2022 às 15h05

PARIS - Brigitte Bardot, a antiga deusa do cinema francês e atual ativista em defesa dos direitos dos animais, desmontou em lágrimas na quinta-feira, quando deixou um tribunal de Paris depois de depor em seu mais recente julgamento por incitar o ódio racial.

A ex-atriz de 69 anos, que já foi condenada por delitos semelhantes, está sendo julgada agora em função de seu livro "Un Cri dans le Silence" (Um Grito no Silêncio), um ataque declarado contra gays, imigrantes e desempregados, que provocou reações de choque na França.

Bardot, que em seu auge, nos anos 1960, era vista como a epítome da beleza feminina francesa, disse ao tribunal, na quinta-feira, que a França passa por um período de decadência e que ela se opõe aos casamentos interraciais.

"Eu nasci em 1934, uma época em que os casamentos interraciais eram malvistos", ela contou.

Falando de seu próprio estilo de escrever prosa, Bardot disse "não sou nenhuma Balzac", fazendo referência ao grande nome da literatura francesa do século 19. O comentário arrancou do juiz que presidiu a sessão uma resposta irônica: "A corte já o percebera".

Em seu livro, a antiga estrela ataca os homossexuais, a quem descreve como "anomalias de parque de diversões", condena a presença de mulheres no governo e denuncia o "escândalo dos benefícios pagos aos desempregados".

Ela também criticou a "islamização da França" o país tem uma minoria muçulmana de 5 milhões de pessoas e a "infiltração clandestina e perigosa do Islã".

Publicado no ano passado, o livro provocou consternação num país cuja seleção nacional de futebol, após sua vitória na Copa de 1998, foi considerado modelo da integração étnica nacional.

Alguns trechos do livro levaram grupos de combate ao racismo a abrir um processo na justiça contra a antiga estrela, que, depois de fazer 46 filmes, deu as costas ao cinema e passou a militar pelo bem-estar dos animais.

Brigitte Bardot negou as acusações, dizendo que seu livro não tem como alvo o Islã nem os norte-africanos.

As controvérsias não constituem novidade para Bardot. Em janeiro de 1998 ela pagou multa de 3.250 dólares por incitar o ódio racial com comentários que fez sobre os massacres de civis na Argélia.

Quatro meses antes, um tribunal lhe havia multado por dizer que a França estava sendo invadida por muçulmanos matadores de ovelhas.

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