Vaticano denuncia abusos litúrgicos e aceita meninas coroinhas

Reuters

Atualizada em 27/03/2022 às 15h05

VATICANO - O Vaticano pediu nesta sexta-feira que seja posto um fim nos excessos cometidos durante a celebração da missa e aceitou oficialmente que meninas possam servir como coroinhas, tema que era motivo de controvérsias.

Num novo documento, intitulado "O Sacramento da Redenção", redigido pela congregação para o culto divino e divulgado nesta sexta-feira, a hierarquia da Igreja especifica que "as meninas ou mulheres possam ser admitidas como coroinhas".

Em setembro do ano passado, a revista católica "Jesus" anunciou que as autoridades do Vaticano estavam estudando a possibilidade de proibir a presença de meninas como coroinhas durante as missas.

A possibilidade de impor a proibição causou uma onda de críticas e protestos por parte de setores moderados da Igreja, que interpretaram o distanciamento das meninas como uma volta aos anos em que as mulheres podiam participar das liturgias.

Entre 1965 e 1967, a Igreja se submeteu a uma profunda reforma, modernizando-se e dando maior importância aos ritos locais ao mesmo tempo em que aceitou a presença ativa de mulheres em várias cerimônias.

O documento do Vaticano estabelece uma série de proibições, entre elas a celebração da missa com ministros de outros cultos, como protestantes por exemplo, a celebração de uma missa sem sacerdote e receber a hóstia das mãos de um leigo ou outro fiel.

O texto, assinado pelo cardeal nigeriano Francis Arinze, prefeito da Congregação para o Culto Divino, foi aprovado pelo papa João Paulo II, que pediu que "seja observado por todos".

Entre os abusos considerados "graves" está a administração da eucaristia por uma pessoa que não seja sacerdote. Nem os leigos nem mesmo os seminaristas podem pregar durante a missa.

Outro assunto relevante é a proibição específica para os sacerdotes de "fazer considerações em seus sermões de ordem política ou com argumentos profanos, inspirando-se em noções baseadas em movimentos pseudo-religiosos muito estendidos".

"Não é permitido relacionar a celebração da missa com acontecimentos políticos ou mundanos ou com outros elementos que não concordem plenamente com o magistério da Igreja católica", continuou o documento.

Os sacerdotes podem celebrar a missa em latim, a qualquer momento e em qualquer lugar, exceto as missas que tenham que ser celebradas "no idioma do povo". O Vaticano pede que o vinho utilizado durante a missa seja "natural, fruto da videira, puro e sem mistura de substâncias estranhas". "Não se deve admitir, sob nenhum pretexto, outras bebidas de qualquer gênero, que não constituem uma matéria válida", continuou o texto.

As hierarquias eclesiásticas destacam que para a celebração correta da eucaristia se deve usar o pão ázimo, de trigo puro e fabricado recentemente, enquanto as hóstias devem ser preparadas por pessoas "que se distingam por sua honestidade".

"A celebração da santa missa não pode ser intercalada de forma alguma como acréscimo a uma ceia comum, nem se unir a qualquer tipo de banquete", acrescentou o texto.

A Igreja informou que não se pode celebrar a missa "numa mesa de jantar ou em local usado para um convite, nem numa sala com alimentos, nem os participantes se sentarão à mesa durante a celebração".

"Qualquer católico, seja sacerdote, diácono ou fiel leigo tem o direito de expor uma queixa por abuso litúrgico, junto ao bispo, ao ordinário competente ou mesmo ao Vaticano", concluiu o documento.

As disposições foram bem recebidas pelos setores conservadores da Igreja, enquanto protestantes e expoentes da Igreja valdense (da seita Pobres de Lião) as consideraram atrasadas.

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