SÃO PAULO - A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) reagiu às fortes perdas dos últimos pregões e fechou em alta de 4,16% nesta sexta-feira, aos 21.968 pontos. A valorização foi mais que suficiente para transformar as perdas da semana em uma alta de 0,5% no período. O volume financeiro totalizou R$ 1,331 bilhão.

O dólar comercial fechou a semana praticamente estável, cotado a R$ 2,932 na compra e R$ 2,934 na venda (alta de 0,06% nesta sexta-feira, em relação à véspera). O Banco Central (BC) voltou a ficar ausente do mercado, contribuindo para a estabilidade também no acumulado da semana. Em toda a semana, o BC comprou dólares apenas na quarta-feira.

NERVOSISMO - A semana foi marcada pelo mau humor dos investidores, que mantiveram as dúvidas quanto aos juros no Brasil e nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed, banco central americano) sinalizou com uma alta dos juros no médio prazo, o que causou estragos nos mercados emergentes.

Nesta sexta-feira o temor diminuiu, com a divulgação de dados sobre emprego nos EUA. Por aqui, o pessimismo ainda foi gerado pela ata da reunião do Copom, divulgada no dia 29 de janeiro, que demonstrou temor de uma aceleração prolongada da inflação. O ambiente melhorou já na quarta-feira passada, quando a Fipe anunciou uma desaceleração da inflação em janeiro.

Como se não bastasse o clima de incertezas, o mercado foi invadido por rumores sobre a permanência do presidente do BC, Henrique Meirelles. Mesmo com os desmentidos do governo, o clima de especulação persistiu entre grandes investidores.

JUROS - As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam com pequenas oscilações nesta sexta-feira. Nos vencimentos mais longos houve leve alta das taxas. O Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2005, o mais negociado, projetou taxa anual de 15,59% no último negócio, contra 15,57% do fechamento de ontem. O DI de julho deste ano, segundo mais líquido, ficou em 15,94% anuais, frente aos 15,95% do fechamento anterior.

A notícia de maior relevância para o mercado de juros foi o crescimento de 0,3% da produção industrial de 2003, com destaque para a queda de 1% em dezembro. A taxa anual é a menor desde 99, indicando necessidade de maior incentivo ao aquecimento econômico, o que inclui redução de juros.

BLACK - O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou em alta de 0,33%, cotado a R$ 2,92 na compra e R$ 2,98 na venda. No Rio, o "black" terminou o dia 1,02% mais caro, valendo R$ 2,85 na compra e R$ 2,97 na venda. O dólar turismo de São Paulo subiu 0,66% no fechamento, a R$ 2,87 e R$ 3,01 na compra e venda, respectivamente.

RISCO - O C-Bond fechou hoje cotado a 96,31% do seu valor de face, com alta de 0,06% no dia. O Global 40, segundo título brasileiro mais importante, fechou em alta de 3,31%, a 109% do seu preço. O risco-país terminou o dia em baixa de 1 ponto, aos 537 pontos-base.

AÇÕES - A alta da Bovespa foi comandada pelos investidores estrangeiros, que tinham como meta voltar a comprar ações assim que o Ibovespa esbarrasse no patamar dos 20.500 pontos. Na mínima do dia, registrada na primeira hora do dia, o índice chegou a 20.597 pontos (-2,34%). A melhora do humor começou depois da divulgação dos dados de emprego nos Estados Unidos, que ficaram abaixo do esperado. Uma recuperação mais lenta dos EUA pressupõe manutenção dos juros, hoje de 1% ao ano, o que leva os investidores a procurar papéis de melhor remuneração, como os emergentes.

O ambiente político interno mais tranqüilo também contribuiu em grande parte, assim como a valorização dos títulos da dívida externa brasileira. O principal destaque do cenário interno foi a reunião ministerial, aberta pelo presidente do BC, Henrique Meirelles. Passados os boatos e desmentidos sobre a saída de Meirelles do BC, os investidores voltaram a procurar boas opções de compra na bolsa.

Segundo Alexandre Santana, da ARX Capital Management, o cenário político continua o mesmo no que diz respeito à macroeconomia, restando apenas dúvidas no ambiente microeconômico. Entre esses aspectos indefinidos estão questões como os marcos regulatórios e os ruídos políticos. Para o analista, o mercado deverá concentrar mais as atenções na divulgação de índices de inflação, já tendo em vista a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Telemar PN, principal ação da Bovespa, fechou em alta de 5,56% e respondeu por boa parte da alta da bolsa, já que representa 12% da composição do Ibovespa. Entre as ações que fazem parte do índice, as maiores altas foram de Cesp PN (+11,7%) e Net PN (+10,7%). Já as quedas mais significativas do índice ficaram com Vale do Rio Doce ON (-1,5%) e Tele Leste Celular PN (-1,3%).

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.