Governo vai usar todas as armas para segurar preços

Valor On Line

Atualizada em 27/03/2022 às 15h09

SÃO PAULO - O governo usará todos os instrumentos disponíveis, a começar pela investigação de cartéis, para impedir que empresas reajustem seus preços para aumentar margens de lucro e comprometam o reaquecimento da economia. A decisão

do Copom, de suspender temporariamente a queda dos juros, foi uma prova cabal de que o presidente da República não permitirá a volta da inflação e "o governo tampouco ficará refém de meia dúzia de empresas que estão remarcando preços", disse ontem um ministro do núcleo de poder do Palácio do Planalto.

A manutenção dos juros em 16,5% foi criticada por economistas, como o ex-diretor do Banco Central Sérgio Werlang, para quem não há razão para preocupações com o recente repique dos índices de preços, especialmente num cenário em que a recuperação da atividade econômica ainda é tímida. Segundo ele, os preços ao consumidor subiram devido a pressões sazonais, como a alta das mensalidades escolares. Empresários da indústria e do comércio informam, por sua vez, que a demanda está se recuperando, mas não há aquecimento na economia que permita aumento de preços.

Até economistas ortodoxos como John Williamson, que criou a expressão "Consenso de Washington", disse que o juro real no Brasil deveria ser menor.

A reação dos mercados foi menos dramática do que se esperava. Como os bancos crêem na manutenção da tendência de queda da taxa a longo prazo, não há urgência em fazer correções imediatas de juros em contratos futuros. Mesmo assim, mantida em 16,5%, a Selic provocou forte alta dos juros privados prefixados e queda de 1,43% na Bovespa. O mercado estima em R$ 3,6 bilhões anuais o prejuízo para os cofres públicos com a decisão do Copom.

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