Copom deve ser conservador no corte dos juros em 2004

Globo On Line

Atualizada em 27/03/2022 às 15h09

SÃO PAULO e RIO - Às vésperas da primeira reunião do Comitê de

Política Monetária (Copom) em 2004 as estimativas apontam, mais uma vez, para uma ação conservadora do Banco Central.Os analistas estimam corte da taxa de 0,25 a 1 ponto percentual, mas a maioria acredita numa redução de 0,5 ponto. Os juros estão em 16,5% e nos últimos seis meses acumulam um queda de 10 pontos.

- O Banco Central vai manter a cautela e o corte na taxa será menor, justamente para ver como será o comportamento da inflação neste primeiro trimestre. Há a previsão de que a indústria poderá repassar preços para os fornecedores e isto pode pressionar os índices - afirmou o gerente de câmbio da Corretora Liquidez em São Paulo, Francisco Carvalho.

O mercado futuro de juros também aposta num corte conservador. Dias atrás, era grande o número de investidores que esperavam uma redução de até 1 ponto percentual na taxa, hoje de 16,50% ao ano. Nos negócios na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o juro projetado para este mês terminou em 15,87% ao ano, praticamente estável no dia. A projeção mostra que ainda há apostas em um corte maior que 0,5 ponto, mas em menor proporção. Entre as justificativas para o ajuste das projeções estão a leve aceleração dos índices de inflação e o próprio discurso conservador do Banco Central. Para Marcelo Damatto, da área de juros da corretora Souza Barros, o mercado corrigiu a euforia dos últimos dias, quando o C-Bond atingiu 100% de seu valor de face e a Bovespa disparava. Hoje, depois de algumas correções, os investidores se voltam a observar a ''parcimônia'' sugerida na última ata da reunião do Copom. - A euforia de dias atrás acabou. Com isso, o mercado volta a observar fatores como os índices de inflação. Ainda teremos mais alguns índices antes da decisão do Copom, que deverão concentrar atenções - disse Damatto.

A consultoria Global Invest acredita que o Comitê optará por uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa. A opinião da consultoria é baseada no fato de o início do ano ser um período considerado "fraco" tanto para vendas no varejo como para a produção industrial, não havendo desaceleração da atividade. Em documento divulgado nesta segunda-feira, a empresa também destaca a tendência de queda dos índices de inflação.

A Federação Nacional das Empresas de Crédito, Financiamento e Investimento (Fenacrefi) aposta na queda de 0,25 ponto percentual. O presidente da Fenacrefi, José Arthur Assunção, justifica a previsão conservadora, alegando que a partir do segundo trimestre as quedas deverão ser um pouco mais consistentes, até a Selic chegar aos 13% previstos para o final de dezembro. Segundo Assunção, a inflação deverá convergir, sem grandes sobressaltos, para a meta, ficando em torno de 6%.

Para a GAP Asset Management, a redução ficará em 0,75 ponto percentual (para 15,75% ao ano), com base "na apreciação da taxa de câmbio, na queda no prêmio de risco-país e na existência de sinais claros de que a recuperação econômica atual se dá de uma forma balanceada". De acordo com análise da gestora de recursos, desde a última reunião do Copom, em dezembro, o dólar teve uma queda de mais de 3% e não há motivos para pressão inflacionária.

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