Sítio do Picapau Amarelo terá especial de Natal com Douglas e Darlan, do filme 'Cidade de Deus'

GloboNews.com

Atualizada em 27/03/2022 às 15h24

O sonho de infância de Douglas Silva era ganhar no Natal uma bicicleta e um video game . Criança de família pobre, ele não demorou a duvidar da existência de Papai Noel. Hoje, aos 14 anos, famoso após atuar com o colega Darlan Cunha no filme “Cidade de Deus” e na microssérie “Cidade dos homens”, exibida pela Rede Globo, o garoto lembra que fazia os pedidos sem a esperança de ser atendido e diz que não vê nada especial no Natal. A história de Darlan, também de 14 anos, é parecida.

— Minha mãe tentava me convencer. Mas eu dizia que não acreditava em Papai Noel. Pedia de presente o que estivesse ao alcance dela — conta ele.

Eram tempos de vacas magras. Mas em 2002 as coisas começaram a melhorar para Douglas e Darlan, integrantes do grupo Nós do Cinema. Depois do fenômeno do filme e do sucesso da série, na qual viveram Acerola e Laranjinha, eles vão participar, como Zé e Joel, do especial do “Sítio do Picapau Amarelo”, que a Globo exibirá dia 24, às 23h30m.

Apesar de repetirem o papel de meninos pobres, Douglas e Darlan deixam um pouco a dura realidade das favelas para viverem a fantasia do programa infantil. O presente só renova as esperanças dos dois promissores atores para um ano novo ainda melhor. Se “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, for escolhido para ser um dos cinco concorrentes ao Oscar de melhor filme estrangeiro, já será uma vitória para os dois. Que só pensam em trabalhar muito em 2003, seja no cinema ou na TV.

— Ano que vem pode vir mais um menino de rua ou um playboyzinho. O que vier eu traço — avisa Douglas, que este ano também fez uma peça, gravou um documentário e participou do clipe de uma música de Zeca Pagodinho.

— Gostaria de fazer outros personagens. Mas o que aparecer me deixará satisfeito — diz Darlan, que também sonha ser fotógrafo como o tio e um dia estudar cinema em Cuba. — Preciso ter outra profissão, porque não dá para ser só ator.

Recentemente, Douglas saiu da favela onde morava, no Complexo da Maré, na Penha, para um apartamento na Tijuca, compartilhado com a mãe, Clarinda, e os irmãos Maicow, Aline, Tatiane e Bruno (“Minha vida está mais organizada”, afirma ele). Já Darlan continua vivendo na mesma casa, no Catumbi, com a mãe, Márcia, o padrasto, Carlos, e a irmã, Daiana. Segundo o intérprete do Laranjinha, pouca coisa mudou efetivamente:

— Não melhorei de vida. Gosto de onde moro. Mas, se tivesse dinheiro, sairia de lá.

Desde que ficaram famosos, Douglas e Darlan têm sido alvo do assédio de fãs. Algo que eles ainda não conseguem administrar direito. Até bem pouco tempo, os dois eram discriminados por serem negros e pobres.

— Quando entrava num shopping, achavam que eu ia roubar alguma coisa — conta Douglas. — Hoje, o dono da loja é quem me puxa para dentro e me oferece presentes.

Mais extrovertido e falastrão, Douglas diz ainda que está chovendo meninas em sua horta. Mas ele não quer namorar a sério, por enquanto:

— Não sou um garanhão, mas as meninas que me interessam estou pegando.

Darlan é mais tímido, mas confirma que as garotas estão dando em cima. Só que ele é bem mais desconfiado e seletivo.

— Se eu percebo que é por interesse, nem dou idéia — diz.

São muitas novidades na vida dos dois. E o “Sítio do Picapau Amarelo” é mais uma. Os atores mirins admitem que não são fãs do programa infantil, nem demonstram grande entusiasmo por estarem contracenando com gente mais experiente do que eles, mas definem como “legal” a oportunidade de gravar ao lado dos personagens criados por Monteiro Lobato. No especial, um anjinho (Pedro Calloni), Emília (Isabelle Drummond), Pedrinho (César Cardadeiro) e Narizinho (Lara Rodrigues) levam seis meninos de rua para passar o Natal no sítio de Dona Benta (Nicette Bruno), empanturrando-se com a ceia preparada por Tia Nastácia (Dhu Moraes).

Douglas conta que já tinha visto uns episódios do “Sítio” e achou “maneiro”. Darlan também assistiu ao programa algumas vezes, com sua irmã menor, e decreta:

— Não tenho nada contra.

Se nunca acreditaram em Papai Noel, eles não têm a mesma opinião quando se trata de anjos. Darlan diz que não leva fé, só crê em Deus. Mas Douglas diz que até já viu um:

— Quando meu avô morreu, comecei a rezar. Então, um anjo apareceu e o levou.

Os dois vão passar o Natal com as famílias. Douglas já decidiu até o presente que dará para a mãe. Mas é surpresa! O garoto, ex-morador de favela, também conseguiu se presentear com um mimo comprado com o fruto de seu trabalho: o tão sonhado video game.

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