Segundo turno: candidatos apostam todas as fichas na "nova eleição"

Roseann Kennedy, Agência Nordeste

Atualizada em 27/03/2022 às 15h28

BRASÍLIA - Começou o 2º turno, uma nova eleição na opinião dos candidatos. São novos arranjos políticos e eleitores indecisos a serem conquistados. O candidato José Serra (PSDB) conseguiu resgatar grande parte da aliança que elegeu o presidente Fernando Henrique Cardoso e tem os maiores partidos ao seu lado (PMDB, PFL e PSDB, além do PPB).

Já o petista Luiz Inácio Lula da Silva obteve, nesta nova etapa do pleito, uma aglutinação ainda maior de partidos (PT, PL, PSB, PDT, PPS, PCdoB, PMN, PCB e PTB), além dos dissidentes governistas. Ele ainda conta com a vantagem de ter obtido favoritismo nas urnas no 1º turno.

Mas o resultado final das eleições deverá expor a força política, a popularidade e a capacidade de apresentação de idéias dos candidatos. Por isso, a disputa ficará mais acirrada a partir de amanhã, quando recomeçam os programas eleitorais gratuitos no rádio e TV. A exibição passará a ser diária, incluindo os domingos, e cada candidato terá direito a 10 minutos à tarde (13h) e mais 10 minutos à noite (20h30). No rádio, os programas irão ao ar às 7h e ao meio-dia.

Nos estados onde houver 2º turno para eleição de governador, a apresentação dos candidatos ao Palácio do Planalto virá primeiro. Os concorrentes também terão direito a 7,5 minutos de inserções por dia. A exibição será até 25 de outubro - dois dias antes do 2º turno.

Apesar dos novos acordos costurados no meio político, a participação de filiados a partidos que apoiaram outras candidaturas no 1º turno é proibida nos programas eleitorais, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Logo, Lula, por exemplo, não poderá usufruir na TV e no rádio da aliança firmada nesta fase com os ex-presidenciáveis Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB). O TSE considera como uso indevido de imagem, sob penalidade de perda de tempo ou direito de resposta no programa eleitoral.

Por ter obtido maior votação na primeira etapa do pleito, o petista tem a preferência e abrirá a propaganda do horário eleitoral. A ordem de exibição será alternada nos dias seguintes. A expectativa é de que Lula mantenha o tom dos programas comandados pelo publicitário Duda Mendonça, na linha "Lulinha paz e amor", já defendida no 1º turno. Da parte de Serra, que tem à frente de sua publicidade Nizan Guanaes, serão retomados os ataques, embora no 1º turno isso tenha provocado uma fuga de eleitores. Na ocasião, os eleitores tenderam a mudar para Garotinho, só que agora não há mais esse risco.

Se no 1º turno Duda resgatou imagens da campanha de 89, com vários artistas, e encerrou o programa com mulheres grávidas ao som do Bolero de Ravel, agora até o jingle "Lula-lá" deverá ganhar nova versão. O PT também poderá trabalhar a idéia de que Lula tem maior capacidade de articulação e de que Serra é desagregador. Mas ataques também poderão entrar ao ar, como deixou escapar o próprio Lula, na última semana, em Minas Gerais: "O jogo está sendo jogado e não sabemos o que o adversário vai fazer. Eles não ficarão impassíveis diante da possibilidade de perder o País mais importante da América Latina e um dos maiores do mundo", disse.

Por outro lado, nesta etapa uma arma de Serra será investir nos debates. Ele defende a realização de no mínimo três. O petista, no entanto, só se dispôs a participar de um até o momento, argumentando que precisaria de dois dias para se preparar e o tempo de campanha é muito curto. O tucano, que quer forçar comparações com Lula sobre a capacidade de administrar e a experiência, ironizou, questionando se Lula levaria dois dias para resolver problemas simples num eventual governo.

Ele continuou as provocações: "Em debate, não tem teleprompter (aparelho usado na tevê que mostra o que o apresentador deve falar) e nem tem música emocional. Debate é a pessoa que está lá, ouvindo contestações e argumentando".

A desenvoltura dos candidatos até nas entrevistas também estará em xeque, pois a expectativa é de que, com a redução no número de candidatos, os telejornais dediquem para isso tempo ainda maior.

No Jornal Nacional da TV Globo, por exemplo, estima-se que o tempo médio dedicado às eleições será de até 30% do noticiário. Parece consenso de que, nesta fase, ganha quem erra menos - como mostraram as eleições anteriores - e qualquer falha de estratégia pode derrubar um candidato.

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