Detectores de mentiras falham, dizem cientistas

Reuters

Atualizada em 27/03/2022 às 15h29

WASHINGTON - Detectores de mentira podem funcionar algumas vezes em casos específicos, diante de perguntas específicas, mas são de pouca utilidade para uso generalizado - como o uso pelo governo - advertiu um grupo independente de especialistas nesta terça-feira.

Depois de entrevistar especialistas em polígrafos da CIA, do FBI e de outras agências, o painel da Academia Nacional de Ciências determinou que era possível enganar um detector de mentiras, especialmente se o sujeito está sendo testado para crimes em geral e atividade de espionagem - e não algum ato específico.

O comitê da academia, que analisou o tema a pedido do Departamento de Energia dos EUA, concluiu que os polígrafos não podem ser considerados dignos de confiança para testes em massa de funcionários federais, porque podem sugerir falsamente que um empregado honesto esteja mentindo e podem ser enganados por alguém treinado a fazê-lo.

- O governo federal dos Estados Unidos, através de uma variedade de agências, realiza milhares de testes com polígrafos a cada ano em candidatos a empregos e funcionários contratados. E há discussões inevitáveis, que são às vezes altamente divulgadas, quando alguém 'falha' em um teste com um polígrafo - escreveu a comissão, formada por profissionais que nunca trabalharam com detectores de mentira, em seu relatório.

- Durante 19 meses, o painel conduziu uma série de encontros, visitou aparelhos polígrafos em diversas agências governamentais e examinou um grande número de relatórios e artigos publicados - acrescentou. - Nós tentamos ouvir cuidadosamente as pessoas que representavam ambos os lados no debate sobre a precisão do detector. E nós então voltamos ao começo e revisamos as evidências nós mesmos.

Algumas vezes o polígrafo pode funcionar, decidiram eles, apesar de algo melhor ser claramente necessário.

- Nós concluímos que na população de examinados como a representada na literatura de pesquisa do polígrafo, destreinada em contra-recursos, a específica realização dos testes de polígrafo pode diferenciar mentirosos de pessoas que dizem a verdade em taxas bem acima da média, apesar de bem abaixo da perfeição.

Mas o detector de mentiras pode ser enganado por alguém que seja treinado, o que, no caso de agências governamentais, seria precisamente o tipo de pessoa que eles estão tentando filtrar.

- Certos recursos aparentemente podem, sob algumas condições laboratoriais, tornar um indivíduo mentiroso capaz de parecer sincero e evitar a detecção por um examinador - informou o relatório.

- O excesso de confiança no teste do polígrafo pode criar uma falsa sensação de segurança entre legisladores, empregados em posições delicadas e no público em geral que pode levar a um relaxamento inadequado de outros métodos de garantir a segurança - acrescentou.

- Sua precisão em diferenciar atuais ou potenciais infratores de inocentes é insuficiente para justificar confiança em seu uso na segurança de agências federais.

O relatório apontou que algumas vezes uma pessoa parece estar mentindo em um polígrafo quando na verdade está apenas ansiosa, especialmente se essa pessoa é de um grupo 'socialmente estigmatizado'.

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