Remoção do solo contribui para aquecimento global

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 15h29

Estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Colorado (EUA) sugere que mudanças no uso da terra podem contribuir para o aquecimento global tanto quanto os gases que provocam o efeito estufa. Crescimento urbano, desmatamento e práticas agrícolas que alteram a estrutura do solo são responsáveis pelo aumento da temperatura na superfície da terra, pela mudança nos padrões pluviais e também na circulação de ar na atmosfera.

O estudo é inovador ao apontar outras possíveis causas para a variação climática que a Terra vem sofrendo, além dos já conhecidos gases nocivos, como o dióxido de carbono, emitido na queima de combustíveis fósseis e também na queima de vegetação. Para os autores do estudo, as atividades humanas na superfície da terra e na vegetação podem ter ainda mais importância no fenômeno do aquecimento global.

A concentração urbana teria seu papel nesse processo na medida em que os edifícios, por exemplo, absorvem mais a luz do sol do que refletem, concentrando calor. Neve, gelo e vegetação refletem mais a luz solar. As mudanças causadas pela ação humana na terra, em lugares como América do Norte, Europa e sudeste da Ásia, estão redistribuindo calor na atmosfera, tanto regionalmente quanto globalmente, segundo o estudo. Por isso, os pesquisadores concluem que o impacto no clima pode ser maior pelo uso incorreto ou intenso da terra, em relação ao efeito já provocado pelos gases que produzem o efeito estufa.

"Pelas mudanças na cobertura do solo, nos últimos 300 anos, nós talvez tenhamos alterado o clima mais do que já ocorreria associado com o dobro do efeito radiativo do dióxido de carbono emitido", disse Roger Pielke, coordenador do estudo, publicado em agosto no jornal da The Royal Society of London. Ele explica que diferenças na superfície da terra influenciam como a energia do sol é distribuída de volta para a atmosfera. Se uma floresta tropical é removida e substituída por grãos, haverá menos transpiração e também menos evaporação de água pelas folhas. Menos transpiração leva a aumento de temperatura na área.

Até a irrigação pode afetar o clima. Terras irrigadas emitem mais umidade na atmosfera, afetando os padrões de chuva. É o tipo de mudança que, segundo os autores do estudo, pode provocar mais alterações que El Niño, fenômeno que caracteriza o aquecimento das águas do Pacífico. O fenômeno aumenta a umidade no ar, provocando acumulação de nuvens e ocasionando tempestades.

Essas, por sua vez, alteram as circulações atmosféricas que exportam calor, umidade e energia para latitudes mais altas. A área afetada pelo fenômeno seria bem menor do que a área atingida pelo uso intenso da terra. No entanto, o impacto das mudanças no uso da terra estão cada vez mais difíceis de detectar porque são permanentes, enquanto os efeitos de El Niño são temporário, apesar de críticos.

O estudo foi financiado pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados e pela Agência Espacial Norte-americana, a Nasa.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.