Brasil tem abstenção de países com voto facultativo

GloboNews.com

Atualizada em 27/03/2022 às 15h32

O voto no Brasil é obrigatório, mas o comparecimento às urnas está em baixa. A abstenção não parou de crescer desde a primeira eleição presidencial, em 1989, fenômeno que, segundo cientistas políticos, deve se repetir este ano. Os especialistas divergem, porém, sobre o percentual de ausências na eleição presidencial que vem por aí.

De 1989, quando Fernando Collor de Melo foi eleito para um curto e confuso mandato, a 1998, primeiro pleito em que se permitiu a um presidente a reeleição, o percentual de eleitores que faltaram à votação quase dobrou. A taxa passou de 11,92%, no primeiro turno de 89, para 21,49% em 98, quando Fernando Henrique Cardoso venceu sem necessidade de segundo turno. Isso significa que, na última eleição para presidente, mais de 22,79 milhões de eleitores não foram votar.

A explicação mais comum para o crescimento da abstenção é a insatisfação do eleitor, como afirma o diretor de pesquisa do Insituto Sensus, Ricardo Guedes.

- E a tendência é aumentar – avalia, lembrando que as pesquisas do instituto indicam que é grande o número de eleitores que não têm interesse na eleição.

Mas não é só isso:

- Muita gente tem medo da maquininha (a urna eletrônica). E esse ano a eleição é totalmente informatizada, além de o voto ser para diversos cargos (presidente, governador, senador e deputados) – acrescenta Gabriel Pazos, presidente do instituto de pesquisas Gerp, que também prevê aumento da abstenção.

Ele lembra que, atualmente, o eleitor enfrenta menos dificuldade buroccrática para justificar o voto do que para votar. A cientista política Lucia Hippólito, comentarista da Rádio CBN, concorda:

- A punição para quem não vota (uma multa paga no correio) não chega a inibir a ausência. E se houvesse uma punição maior, a insatisfação do eleitor seria transferida aos votos brancos e nulos.

Lucia não acredita, porém, em avanço significativo da taxa de abstenção, além do patamar de 20%, próximo ao das democracias que têm voto facultativo. Para ela, a existência de três candidatos 'muito competitivos', Lula, Ciro e Serra, e a impossibilidade de se antever um resultado já para o primeiro turno da eleição são fatores que devem estimular o voto.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.