Educação

Geia abre o 9º festival de literatura em Ribamar

Festival é destinado a estudantes e professores de escolas públicas e particulares.

Jock Dean/O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 12h04

SÃO JOSÉ DE RIBAMAR - Foi aberta ontem, em São José de Ribamar, a 30 km de São Luís, a 9ª edição do Festival Geia de Literatura. Até amanhã, estudantes e professores de escolas públicas e particulares da cidade terão a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos em contato direto com intelectuais, escritores, romancistas, cronistas e poetas por meio de palestras, oficinas literárias, feira de livros, sessões de leitura, palestras, gincanas, além de diversas outras atividades. Em uma das principais palestras do dia, ontem, estudantes do ensino médio conheceram mais sobre a vida e obra do autor maranhense Aluísio Azevedo, em alusão ao centenário da sua morte, completado em janeiro deste ano.

As atividades do festival estão ocorrendo em seis pontos da cidade – Liceu Ribamarense I e II, Ginásio Patronato São José de Ribamar, Unidade Escolar Diomedes da Silva, Casa Paroquial e Praça da Matriz - e têm o objetivo de fomentar a pesquisa e a criatividade dos participantes por meio do desenvolvimento de habilidades como as de liderança e trabalho em equipe.

Jorge Murad, presidente do Instituto Geia, realizador do festival, afirmou que o evento estimula os estudantes da cidade e contribui para a sua formação intelectual. “O Festival Geia é uma contribuição para a comunidade local se sentir estimulada a estudar literatura. Temos as gincanas que estimulam os estudantes, aumentando a interação entre eles. Este ano, tivemos uma palestra sobre Aluísio Azevedo, autor que continua atual e fundamental para a historiografia brasileira. É uma forma de contribuir para a formação intelectual da juventude”, disse.

Já no início da manhã, dezenas de crianças com idades de 7 a 11 anos se reuniram na Praça da Matriz onde foram organizadas sessões de leitura de livros infantis. Além de incentivar o hábito da leitura, a atividade tinha o objetivo de repassar conhecimentos importantes sobre cidadania e respeito. “Enquanto a gente lia a história da Branca de Neve, a professora nos ensinou por que não devemos ser desobedientes com nossos pais”, disse Hudson Leonardo da Silva, 10 anos, que esteve pela primeira vez no festival.

Aluísio Azevedo - Mas como uma das marcas principais do Festival Geia de Literatura é aproximar as crianças da literatura, o professor Sebastião Duarte proferiu a palestra Aluísio Azevedo em sua vida e sua obra para uma turma de cerca de 300 alunos de quatro escolas públicas da cidade. Durante a palestra, que foi uma das principais atividades do primeiro dia do festival, eles ficaram conhecendo detalhes curiosos sobre a vida e produção do autor maranhense, que é também um dos principais do Brasil por ter inaugurado o Naturalismo com a publicação de O Mulato, em 1881.

A palestra empolgou os alunos, que participaram fazendo perguntas sobre o autor. Rian Ferreira, de 14 anos, comentou que nunca tinha ouvido falar sobre o escritor e quis saber detalhes sobre as suas principais obras. “Eu não sabia que Aluísio Azevedo era tão preocupado em lutar contra a escravidão”, afirmou. Ao fim, ele e outros estudantes ganharam livros de presente do professor Sebastião Duarte.

Entre as diversas perguntas que Sebastião Duarte respondeu sobre Aluísio Azevedo estavam questionamentos como a existência de parentes vivos do autor e como eram produzidos seus livros. “O acadêmico Waldemiro Viana, é sobrinho-neto de Aluísio Azevedo, que para escrever O Cortiço, por exemplo, frequentava lugares do tipo, se vestia como os moradores e fazia amizade com eles para se familiarizar com sua realidade”, explicou. Para ele, eventos como o Festival Geia são importantes para que os jovens conheçam os autores maranhenses. “Esta fase em que eles estão, de formação, é a ideal para fazer esse contato com a literatura maranhense, que foi pioneira em muitos aspectos entre a brasileira”, explicou.

Aluísio Azevedo foi tema também do encontro com acadêmicos, realizados na Unidade Escolar Diomedes da Silva Pereira, no bairro J Câmara. Lá, os membros da Academia Maranhense de Letras (AML) Antônio Martins e Waldemiro Viana proferiram a palestra Aluísio Azevedo, vida e obra. “Aluísio Azevedo escreveu contra as injustiças sociais. Durante toda sua vida, ele só não escreveu enquanto era diplomata no Japão”, informou. O livro O Cortiço, lançado pelo escritor em 1890, será o tema do V Desafio de Literatura entre estudantes do ensino médio amanhã, da qual participam três escolas.

Programação – O 9º Festival Geia de Literatura tem uma programação variada, com a realização de diversas atividades ao longo do dia em vários pontos da cidade. A especialista em educação especial Sharlene Serra ministrou a palestra Inclusão a partir da literatura, no Liceu Ribamarense I. No Liceu Ribamarense II, o desembargador Lourival Serejo proferiu a palestra O poder dos livros. Na Casa Paroquial aconteceram oficinas de produção textual e literatura infantil.

Premiados os vencedores da IV Olimpíada de Matemática

O primeiro dia da programação do Festival Geia de Literatura teve ainda a abertura de uma série de disputas entre alunos e pesquisadores. As competições continuam durante o dia de hoje e amanhã serão conhecidos os vencedores do V Desafio de Literatura, III Prêmio Geia de Monografia e do IV Concurso Professor Pesquisador. Ontem, os dois alunos vencedores da IV Olimpíada de Matemática foram premiados.

Este ano, 300 estudantes se inscreveram na Olimpíada de Matemática, que foi realizada na primeira semana deste mês. Aos 11 anos, Luís Miguel Botton foi o vencedor da IV Olimpíada de Matemática na categoria alunos do ensino fundamental nível I, do qual participaram estudantes das 6ª e 7ª séries. O gosto pela disciplina veio por influência do pai, que é professor de matemática. “Matemática é a forma de organização da vida. Eu gosto muito, apesar da maioria das pessoas dizerem que matemática é muito difícil”, afirmou.

Anna Gabriela Vieira Santos, 13 anos, venceu na categoria ensino fundamental nível II, do qual participaram estudantes das 8ª e 9ª séries. Para ela, que desde o início do ano estudava para a competição, matemática é uma maneira de interpretar melhor a vida. “Basta esforço, estudo e disposição para ser bom em matemática”, disse. Os dois estudantes são alunos do Liceu Ribamarense I e ganharam como prêmio um notebook.

Desafio de Literatura - Cerca de 800 alunos do ensino fundamental de 33 escolas públicas e particulares de São José de Ribamar começaram ontem a disputa pelos prêmios do V Desafio de Literatura. Para este ano, os participantes tiveram que ler o livro A bolsa amarela, de Lygia Bojunga, lançado em 1976, que já se tornou um clássico da literatura infanto-juvenil. A competição acontece em quatro baterias, em que as equipes respondem a 20 questões sobre a obra. As duas equipes que acertarem o maior número de perguntas em cada bateria seguem para a final, que acontece amanhã.

A gincana é uma forma de incentivar a leitura entre os estudantes. Uma disputa empolgante para Alessandra Pereira, 12 anos. “A gente lê com mais vontade pensado em vencer e acaba gostando do hábito da leitura, mas o melhor mesmo é a diversão da disputa”, afirmou. A escola vencedora receberá um prêmio de R$ 3.000,00. O segundo lugar recebe R$ 1.750,00 e o terceiro lugar R$ 1.000,00.

Os professores que desenvolvem projetos de pesquisas nas escolas da cidade balneária têm a oportunidade de terem seus trabalhos usados como modelos por outras instituições. Para isso, basta vencer o IV Concurso Professor Pesquisador. Ainda para incentivar a pesquisa na região, ocorre o III Prêmio Geia de Monografia destinado aos universitários de instituições públicas e privadas do Maranhão com o objetivo de incentivar o trabalho de pesquisa entre os estudantes do ensino superior.

Coleção

Ontem, o Instituto Geia lançou o 19º título da Coleção Geia de Temas Maranhenses, cujo objetivo é resgatar obras de autores maranhenses, evitando que elas se percam no tempo. O livro lançado ontem foi Dr. Bruxelas e Cia, de Fulgêncio Pinto. A obra foi lançada originalmente em 1924 e retrata os costumes de uma São Luís do início do século XX. O livro mostra como a capital maranhense se desenvolvia na virada do século XIX até as duas primeiras décadas do século passado. A colocação dos primeiros canos para levar água até a casa dos ludovicenses, pela Ullen Company, é um dos vários registros da publicação. Fulgêncio Pinto foi jornalista, músico, escritor e folclorista. Membros da família do autor, entre os quais a cantora Flávia Bittencourt, que é neta de Fulgêncio Pinto, estiveram presentes no lançamento.

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