Polícia Civil do Maranhão afasta policiais que mataram jovem que desejou ''boa sorte'' ao Lázaro
Hamilton Cesar, que tinha transtornos mentais, fez uma postagem desejando ''boa sorte'' ao Lázaro Barbosa, o "serial killer do DF". Por causa da publicação, três policiais de Presidente Dutra foram até a casa de Hamilton e o balearam.
PRESIDENTE DUTRA – Três policiais que participaram da morte do jovem Hamilton Cesar Lima Bandeira, de 23 anos, na última sexta-feira (18), na cidade de Presidente Dutra, foram afastados do cargo. A informação foi dada pelo comando da Polícia Civil no Maranhão.
Hamilton Cesar, que tinha transtornos mentais, fez uma postagem desejando 'boa sorte' ao Lázaro Barbosa, o homicida nacionalmente conhecido como “serial killer do DF", que está sendo procurado há 12 dias em Goiás.
Por causa da publicação em apologia ao criminoso, três policiais civis da Delegacia de Presidente Dutra foram até a casa de Hamilton, na última sexta, no povoado Calumbi, em Presidente Dutra, e acabaram atingindo Hamilton com dois tiros. O jovem morreu após dar entrada no hospital.
Segundo uma nota divulgada pela Polícia Civil do Maranhão, a equipe saiu para atender a uma ocorrência de ameaça e apologia ao crime. A nota diz que “os policiais foram ameaçados pelo suspeito que estava de posse de uma arma branca (faca)” (Leia, no final da matéria, a nota da Polícia Civil).
O delegado de Presidente Dutra, César Ferro, disse que o jovem ameaçou os policiais com uma faca. Já a família contesta essa versão.
Os parentes do jovem disseram ao Imirante.com que Hamilton não estava armado no momento da ação policial.
O pai de Hamilton, Antônio Bandeira, disse à reportagem do Portal que o filho tinha chegado de um campo, almoçou e se deitou e, em seguida, apareceram os policiais.
“Não tinha maior sentido do mundo deles chegar lá assassinando ele. E ele não usava ferramenta nenhuma. A polícia não falou nada, quando chegou lá foi metendo bala, que quase matou um idoso de quase 100 anos”, relatou.
O pai contou ainda como era o filho no dia a dia com a comunidade.
“Ele tinha acabado de chegar do campinho com as crianças que andavam mais ele. Ele não fazia um pingo de medo em sociedade alguma. Ele era meninão. Tinha 23 anos, mas o sentido era de criança”, relatou Antônio.
Segundo os familiares, o que Hamilton postava era fruto dos transtornos mentais que sofria desde criança. Além disso, o pai disse que o jovem não estava armado no momento dos disparos dos policiais. O avô de Hamilton, de 99 anos, presenciou o caso e também contesta a versão policial.
Ouça o relato do pai e da tia de Hamilton.
Um inquérito foi aberto para apurar a morte de Hamilton, e o Ministério Público do Maranhão e a Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDIHPOP) estão acompanhando o caso.
Segundo a Polícia Civil, além do afastamento dos três policiais envolvidos no caso, foram enviados agentes do Departamento de Homicídios e da Superintendência de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor) para investigar a conduta dos policiais.
Leia na íntegra a nota da Polícia Civil:
“A Polícia Civil do Maranhão (PC-MA) informa que na última sexta-feira (18), após denúncias de moradores, atendeu a uma ocorrência de ameaça e apologia ao crime em uma residência no povoado de Calumbi.
Quando chegaram ao local, os policiais foram ameaçados pelo suspeito que estava de posse de uma arma branca (faca). Para conter a situação, os agentes atiraram e um dos disparos atingiu ao rapaz, que foi socorrido pelos policiais, levado ao hospital com vida, mas acabou vindo a óbito.
A Polícia Civil do Maranhão lamenta profundamente o fato e se solidariza com a família. Pontua, ainda, que um inquérito policial foi instaurado para apurar as circunstâncias da ocorrência.
Uma equipe da Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDIHPOP) está acompanhando o caso.”
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