Internacional

Barack Obama deixa legado de importantes conquistas em seu mandato

Conquistas se deram tanto no plano doméstico quanto no internacional.

Leandra Felipe/Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h26
Obama esteve à frente da Casa Branca por oito anos.
Obama esteve à frente da Casa Branca por oito anos. (Reprodução)

ESTADOS UNIDOS - À frente da Casa Branca por oito anos, Barack Obama obteve conquistas importantes, tanto no plano doméstico quanto no internacional. Algumas delas polêmicas internamente, mas consideradas históricas, como a retomada das relações diplomáticas com Cuba, após meio século de distanciamento e uma vitória na Suprema Corte, que autorizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A Agência Brasil selecionou temas e assuntos relevantes que marcaram a trajetória de Obama.

1. Retomada das relações com Cuba

Depois de meio século de rompimento, os Estados Unidos (EUA) e Cuba restabeleceram plenamente suas relações diplomáticas. O anúncio da retomada surpreendeu o mundo. Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro anunciaram, em dezembro de 2014, que ambos os países estavam dialogando para o restabelecimento das relações. Seis meses depois, em julho de 2015, Cuba e EUA reabriram suas respectivas embaixadas em Washington e Havana.

As negociações tiveram apoio do papa Francisco, mas Obama já havia sinalizado o interesse de se reaproximar de Cuba. Antes da reabertura das duas embaixadas, os EUA retiraram Cuba da lista dos países que servem ao terrorismo e também retiraram algumas sanções. O embargo econômico, entretanto, foi mantido e depende da mudança da lei constitucional.

Por sua vez, o governo cubano se comprometeu a respeitar as liberdades individuais e o direito de livre pensamento dos dissidentes no país. Obama esteve em Cuba, em março do ano passado, e se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos a visitar a ilha em 88 anos. O presidente americano disse que foi a Cuba para “derrubar o último remanescente da guerra fria”. Ele defendeu eleições democráticas no país.

2. Casamento homoafetivo

Em junho de 2015, a Suprema Corte norte-americana legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo nos EUA. A decisão apertada, por cinco votos a quatro, considerou inconstitucional uma lei que definia o casamento apenas como a “união entre um homem e uma mulher” e colocou fim a uma batalha de muitos anos.

Apesar da diferença de apenas um voto, prevaleceu o entendimento de que o casamento homoafetivo é um direito assegurado pela liberdade individual – princípio fundamental que rege a quinta emenda constitucional no país. Com a decisão do Supremo, as leis estaduais que proibiam o matrimônio entre homossexuais perderam a validade. Quatorze estados tinham leis proibitivas para o casamento gay.

Barack Obama fez um eloquente discurso celebrando a decisão e disse esse era um passo histórico para o casamento entre iguais. “Não importa quem você é ou ama, a América é um lugar onde você pode escrever seu próprio destino”, afirmou.

3. Morte de Osama Bin Laden

Em pronunciamento feito na madrugada do dia 2 de maio maio de 2011, Obama anunciou ao mundo que Osama Bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda, havia sido abatido numa operação secreta conduzida no Paquistão por forças especiais dos Estados Unidos. Segundo informações do Pentágono, ele foi abatido em um esconderijo na cidade de Abbotabad, próximo a Islamabad, capital paquistanesa. A operação foi conduzida em total sigilo e feita com o apoio do Paquistão.

Bin Laden era o inimigo´número um e o homem mais procurado pelos Estados Unidos desde o atentado às torres gêmeas em Nova York, em 11 de setembro de 2001. A morte do líder da Al Qaeda foi considerada uma grande vitória para a política militar de Obama, que vinha sendo criticado por seus adversários de “afrouxar” a política de segurança do país.

"Foi feita justiça", disse Obama na ocasião. “Hoje, posso dizer aos americanos e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama Bin Laden, o líder da Al Qaeda responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças”, afirmou.

4. Acordo nuclear com o Irã

O acordo nuclear com o Irã era um dos principais objetivos de Barack Obama. Quando ele foi firmado, contudo, a opinião pública americana ficou desconfiada e parte da população viu a negociação como um erro de gestão. Uma pesquisa na época mostrou que apenas três em cada dez cidadãos dos EUA concordaram com o tratado, um dos assuntos mais reconhecidos mundialmente na administração Obama.

Os estadounidenses expressaram o temor de que o acordo pudesse fortalecer o Irã e que, no futuro, o país volte a ser uma ameaça aos Estados Unidos. Mesmo assim, analistas internos e externos validaram a iniciativa, que foi alvo tanto de elogios quanto de críticas nos EUA.

Firmado em julho de 2015, após 20 meses de negociação, o acordo assinado entre o Irã e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Reino Unido, França, EUA, China e Rússia) e mais a Alemanha, foi considerado um avanço na política diplomática. O objetivo é limitar o programa nuclear iraniano e impedir que o país consiga produzir a bomba atômica.

Pelo acordo, o Irã aceita que suas agências nucleares sejam inspecionadas, mediante a retirada de sanções internacionais. Os países signatários discutiram minuciosamente cada detalhe e o presidente Barack Obama defendeu a iniciativa tanto interna quanto externamente.

5. Obamacare

Outra ação que foi alvo tanto de elogios quanto de críticas foi o Obamacare, programa de saúde criado por Barack Obama e que ainda hoje divide republicanos e democratas. O presidente eleito, Donald Trump, afirmou, em sua conta em uma rede social, que a reforma do sistema de saúde promovida por Obama "em breve ficará na história".

A iniciativa, aprovada em março de 2010, facilitou o acesso dos cidadãos americanos, notadamente os mais pobres, a um plano de saúde, beneficiando mais de 20 milhões de pessoas, de forma a tornar os cuidados básicos de saúde mais acessíveis. EsSa foi uma das maiores bandeiras de Obama na campanha do primeiro mandato, e ele termina o segundo, defendendo o programa, mesmo que o Congresso tenha extinguido a lei na semana passada, com a promessa de criar outra.

Nos Estados Unidos, se a pessoa não tem um plano de saúde, sofre um acidente ou tem alguma doença que exija muitos procedimentos e tempo no hospital, ela tem que pagar os custos. O que ocorria, muitas vezes, é que uma pessoa saudável, sem plano de saúde, que inesperadamente precisasse de tratamento médico, arcasse com despesas milionárias, correndo o risco até mesmo de ir à falência.

Os custos de saúde dos Estados Unidos não são pagos pelo governo, a não ser para cidadãos abaixo da linha de pobreza ou acima de 65 anos, e apenas para os serviços mais básicos. Em um caso ou outro, a pessoa pode ir à Justiça pedir que o governo arque com os custos. Mas são casos isolados e demoram um tempo até que o juiz decida.

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