BRASÍLIA - A Suprema Corte de Justiça colombiana confirmou a condenação de oito militares pelo assassinato dos jovens Daniel Andrés Pesca e Eduardo Garzón, em 2008, em casos conhecidos como 'falsos positivos'. Os crimes eram cometidos por integrantes do Exército do país, que assassinavam jovens e adolescentes sob acusação de participação em grupos guerrilheiros. A Corte decidiu, por unanimidade, as penas dos militares, que variam de 28 a 56 anos de reclusão.
Os militares faziam parte do Batalhão Rafael Reyes e já haviam sido condenados em primeira instância em 2011, mas recorreram da decisão. Os jovens assassinados viviam no sul de Bogotá e, em 4 março de 2008, viajaram ao departamento de Santander, em busca de uma oferta de trabalho. No dia seguinte, foram mortos por tropas do batalhão que na época os qualificou como membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
As investigações confirmaram que as vítimas jamais fizeram parte de grupos armados ilegais e que foram assassinados no período em que o governo colombiano premiava militares que apresentassem “resultados numéricos” no âmbito do conflito armado. Os que conseguiam “matar mais guerrilheiros”, por exemplo, conquistavam promoções e aumentos salariais mais rapidamente.
Foram condenados o então comandante do batalhão, tenente-coronel Wilson Javier Castro; o tenente Eduardo Antonio Villani, o sargento José Eduardo Niámpira Benavides e os soldados Guillermo Pacheco, Juan Carlos Alvarez, Nelson Ospina Tavarel, Venâncio Puente Guapachá e Germán Augusto Oliveros. Eles foram sentenciados por homicídio duplamente qualificado, falsidade ideológica, peculato e desaparição forçada.
As investigações comprovaram que os militares obrigaram os jovens a trocar de roupa e vestir uniformes camuflados, como os usados por guerrilheiros, e foram mortos a tiros pelos membros do Exército. Os militares também tentaram "produzir provas" para incriminar as vítimas.
O caso dos 'falsos positivos' ficou mundialmente conhecido pela batalha iniciada pelas mães dos jovens, as chamadas Mães de Soacha (cidade vizinha a Bogotá que teve 17 vítimas). AAgência Brasil conheceu o grupo no ano passado e o trabalho realizado pelo grupo em busca da verdade, de justiça e reparação, não só do caso dos filhos, mas de outros crimes cometidos no país.
Na Colômbia mais de 1,5 mil militares já foram processados por execuções extrajudiciais em casos semelhantes aos dos falsos positivos.
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