LISBOA – A rigorosa austeridade vivida em período de crise econômica na Europa será alvo de novos protestos hoje em mais de 100 cidades, especialmente, no continente. Segundo convocação publicada pelo movimento Que se Lixe a Troika 1, também haverá protestos em solidariedade no Brasil (não informa cidade), Uruguai, México e Estados Unidos.
A política de restrição de gastos públicos - inclusive sociais - é estabelecida pelos credores internacionais da Troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) nos programas de ajustamento para ajuda financeira de países como Grécia, Espanha e Portugal, que têm as mais elevadas taxas de desemprego na Europa.
Em Portugal, as manifestações ocorrerão em 20 cidades. Em Lisboa, a concentração será a partir das 16h (12h no Brasil) na Praça de Entrecampos. A passeata percorrerá a Avenida da República (onde funciona o escritório do FMI) e chegará a Alameda Afonso Henrique.
Segundo Ricardo Morte, um dos porta-vozes do movimento Que se Lixe a Troika, “o fato da manifestação ocorrer em fim de semana favorece a maior participação, como aconteceu nos protestos [organizados pelo movimento] em setembro do ano passado e em março deste ano”.
Em sua opinião, “Portugal está em agonia”, sob risco de “perda de coesão social” e até “com as redes de apoio familiar destruídas”. Para o militante, “o governo ataca em todas as frentes: os avós, confiscando reformas [aposentadorias]; os pais, ameaçando com a perda de emprego e do seguro desemprego; e os filhos, que não conseguem trabalho”.
Oficialmente, há no país 952,2 mil pessoas desempregadas. O quadro é agravado pelo aumento do imposto de renda (desde janeiro), pela diminuição da proteção social (redução de valor e prazo do seguro desemprego, aumento das contrapartidas nos serviços de saúde) e pela intenção do governo de taxar aposentadorias e pensões.
A expectativa de especialistas ouvidos pela Agência Brasil é de que esteja ocorrendo empobrecimento da população e o aumento das desigualdades sociais em Portugal nos últimos anos. Não há indicadores oficiais atualizados sobre os efeitos sociais da austeridade econômica. No entanto, os analistas acompanham outros indicadores como crescimento da emigração (inclusive para o Brasil), queda do consumo privado das famílias, aumento da inadimplência de financiamentos e até do não pagamento por serviços básicos como fornecimento de telefone, luz, gás, água e transporte.
Dado obtido pela Agência Brasil na companhia estatal do serviço de ônibus em Lisboa (Carris), aponta que nos últimos anos de recessão econômica mais de 26 mil processos foram remetidos ao Instituto de Mobilidade e dos Transportes Terrestres contra passageiros flagrados sem pagar o ônibus – em Portugal não há trocadores, mas os fiscais circulam aleatoriamente nos ônibus verificando comprovante de pagamento.
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