Suspeito de estupro, presidente de Israel pede afastamento do cargo

G1

Atualizada em 27/03/2022 às 14h08

JERUSALÉM, Israel - Ameaçado de ser indiciado por estupro e assédio sexual pelo promotor-geral do país, o presidente de Israel, Moshe Katzav, decidiu nesta quarta-feira (24) se afastar temporariamente de seu cargo, enquanto durar a investigação do caso.

"O presidente Katzav informou por carta a uma comissão do Parlamento (Knesset) sobre sua intenção de se afastar temporariamente de seu posto", afirmou o porta-voz do parlamento, Giora Fordis.

A informação, também citada pela rádio pública israelense, não foi confirmada até agora pela Presidência. Katzav dará uma coletiva de imprensa no fim da tarde.

A decisão ocorre um dia depois de o promotor-geral de Israel, Menahem Mazuz, confirmar que vai indiciar Katsav por estupro e crimes sexuais, dos quais é acusado por quatro ex-funcionárias.

Depois de uma investigação sobre as denúncias contra Katsav, a polícia teria recomendado em meados de outubro indiciar o presidente israelense por estupro de sua ex-secretária, assim como de uma funcionária quando ele atuava como ministro do Turismo.

Katsav pode ser condenado entre três e 16 anos de prisão.

O presidente israelense foi submetido a uma investigação nos últimos três meses, depois que surgiram acusações por parte de várias mulheres que trabalharam em seu escritório no passado.

A polícia de Israel revelou há duas semanas que contava com evidências pelas quais o chefe do Estado poderia ser processado, e recomendou ao assessor legal que analisasse a questão.

Com 61 anos e presidente desde 2000, Katsav é suspeito de dois delitos de estupro de funcionárias, três ou quatro de agressão sexual, assédio, prevaricação, obstrução à justiça, escutas telefônicas a seus funcionários, malversação de fundos públicos e violação da confiança.

Afastamento

Em entrevista coletiva concedida na tarde de terça-feira (23) os advogados que defendem Katsav haviam dito que o presidente de Israel honrará um compromisso que assumiu diante dos juízes da Suprema Corte e abandonará temporariamente suas funções se o procurador-geral Menachem

O anúncio foi feito em entrevista coletiva pelos advogados defensores de Katsav, Tsion Amir e David Libai, este último ex-ministro da Justiça. Amir afirmou, no entanto, que o presidente "está decidido a continuar lutando por comprovar sua inocência".

"O presidente se sente muito ofendido" pela decisão do procurador-geral, que comunicou a ele que está analisando a possibilidade de levá-lo a julgamento por graves crimes sexuais, como os de estupro e assédio contra quatro ex-funcionárias.

A decisão do procurador-geral foi para Katsav "como um balde de água fria", acrescentou Amir.

Libai pediu aos jornalistas que "esperem com paciência" a decisão final, pois o procurador-geral, na carta que lhes enviou por serem os representantes legais de Katsav, diz que está "considerando" se inicia um julgamento devido às graves acusações contra o presidente.

Katsav freqüentemente se queixou de estar sendo "linchado publicamente pela imprensa" e na segunda-feira se comparou com as vítimas do macartismo e com o capitão francês Alfred Dreyfus, judeu que, falsamente acusado de espionagem para a Alemanha, foi expulso do Exército no final do século XIX e reabilitado anos depois.

"Nós possuímos provas que podem fazê-lo mudar de opinião", disse Libai, sem dar mais detalhes, lembrando que o presidente tem ainda a possibilidade de defender sua inocência antes de ser processado judicialmente.

"Recebemos com grande pesar a nota do procurador", comentou Libai, que se limitou a insinuar aos jornalistas que as mulheres que acusam Katsav de tê-las assediado podem ter feito isso para se vingar dele após perderem seus cargos quando ele era seu chefe.

Além disso, Libai acrescentou que "ninguém as conhece e algumas se retrataram após acusá-lo de tê-las assediado sexualmente".

Segundo a carta de Mazuz aos advogados, Katsav pode ser julgado pelas acusações de quatro

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