BUENO AIRES - O prefeito da cidade de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, foi suspenso nesta segunda-feira por decisão da Legislatura (Câmara Municipal) e será submetido a um julgamento político pelo incêndio da discoteca Cromagnon, que deixou 194 mortos e pelo menos mil feridos em dezembro de 2004.
Em um dia de grande tensão, com os familiares das vítimas protestando nos arredores da sede legislativa, em pleno centro da cidade, os vereadores de oposição conseguiram reunir os 30 votos necessários para submeter o prefeito a julgamento, com sete contra e seis abstenções.
Esta será a primeira vez que um prefeito da capital argentina irá a julgamento político.
A decisão foi recebida nas ruas com abraços, euforia e um emocionado choro dos familiares das vítimas, que estavam proibidos de entrar no Palácio Legislativo após os graves incidentes ocorridos na semana passada.
"Agora, começamos a acreditar um pouco na Justiça neste país", disse, em lágrimas, um homem que carregava o cartaz com o rosto do filho morto na trágica noite de 30 de dezembro.
"Apenas pedimos justiça", insistiu, entre soluços, a avó de Macarena, uma das muitas adolescentes que perderam a vida no incêndio.
A prefeitura será assumida pelo vice Jorge Telerman, que ficará no cargo durante os 120 dias de suspensão de Ibarra e nos quais uma Sala de Julgamento de 15 membros ficará encarregada de decidir sobre sua destituição.
A suspensão de Ibarra e seu julgamento foram resultado de uma pesada ofensiva das forças de direita, lideradas pela Proposta Republicana (Pro), e que contou com o apoio de partidos de centro esquerda e de esquerda.
O bloco ligado ao presidente Néstor Kirchner, que tinha apoiado o prefeito, considerando que sua suposta responsabilidade devia ser elucidada no âmbito judicial, decidiu se abster.
Em declarações divulgadas antes da votação, o prefeito garantiu que "o julgamento político segue a lógica da revanche política, do oportunismo político e, do pior, a manipulação da dor".
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