Velório do Papa João Paulo II começa hoje

Globo Online

Atualizada em 27/03/2022 às 14h48

SÃO PAULO - O velório do papa João Paulo II começa nesta segunda-feira, às 17h (12h de Brasília) na Basílica de São Pedro, informou o porta-voz vaticano, Joaquín Navarro Valls. Os fiéis poderão dar seu adeus ao Papa durante os três dias nos quais seu corpo ficará exposto na basílica vaticana, antes do funeral, que não será realizado antes de quinta-feira.

Também está previsto que hoje se reúna a congregação de cardeais para decidir os detalhes sobre o funeral e preparar o conclave, que não começará antes de duas semanas. O funeral de João Paulo II, que deve ser realizado na Praça de São Pedro, deve ter a presença de presidentes, reis e personalidades de todo o mundo.

A exposição para convidados

Foram fechadas, após três horas e meia de visitação, as portas da Sala Clementina, no Palácio Apostólico, onde ficou exposto o corpo do Papa João Paulo II neste último domingo. O primeiro desfile diante do corpo foi reservado à Cúria romana e, pela primeira vez, a autoridades italianas e diplomatas.

O ritual começou pouco depois do meio-dia e foi transmitido ao vivo pelo canal de TV do Vaticano, o que também foi algo novo para a Igreja Católica Romana. Alguns jornalistas também puderam entrar.

As portas da Sala Clementina, um belo recinto decorado com afrescos, sob os quais João Paulo II recebeu líderes mundiais em seus 26 anos de pontificado, voltarão a ser abertas na segunda-feira. Na ocasião, os funcionários do Vaticano poderão render suas homenagens.

Causa da morte

O primeiro boletim oficial do Vaticano divulgado na tarde deste domingo (9h no Brasil) revela que João Paulo 2º morreu aos 84 anos vítima de uma septicemia (infecção generalizada) e colapso circulatório.

A pressão sanguínea do papa apresentava alterações e irregularidades graves desde quinta-feira. A morte por septicemia indica que o pontífice também não resistia à grave infecção urinária que o acometeu durante a noite de quinta e a manhã de sexta-feira.

O boletim acrescenta que João Paulo 2º sofria do Mal de Parkinson e com uma insuficiência respiratória progressiva (que levou os médicos a submetê-lo a uma traqueostomia), tinha hipertrofia (benigna) na próstata. O documento mostra ainda que João Paulo sofreu complicações com a infecção urinária e que, por fim, tinha cardiopatia hipertensiva (era hipertenso) isquêmica.

Sepultamento

O funeral do Papa João Paulo II será realizado entre quarta e sexta-feira, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. As cerimônias previstas após a morte de um papa seguem um ritual com alguns aspectos que têm séculos de história e outros mais recentes. Pelas normas do Vaticano, o luto oficial é de nove dias.

Não antes de quatro dias e nem depois de seis, o Papa morto deve ser enterrado na cripta da Basílica de São Pedro e, a não ser que o Pontífice tenha especificado em seu testamento, o Colégio de Cardeais se encarrega de cumprir as exéquias.

Rituais

As cerimônias estão previstas no capítulo V da Constituição Apostólica Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II em 1996. No artigo 27, o texto diz que 'depois da morte do Pontífice Romano, os cardeais celebram as exéquias em intenção da sua alma por nove dias seguidos, segundo o Ordo Exequiarium Romani Pontificis, cujas normas são seguidas fielmente.

O rito que cerca a morte de um papa prevê que um cardeal que pode confessar e absolver em nome do Pontífice, o Penitenciário Maior, o vista com roupas pontifícias para a celebração do enterro.

Uma vez vestido, o corpo do Papa é colocado em um palanque, em uma das salas do Palácio do Vaticano, e de lá levado à Basílica de São Pedro, onde fica exposto para receber a homenagem dos crentes, antes da celebração do funeral.

O camerlengo, administrador apostólico da sede vaticana, e três assistentes escolhidos entre os cardeais decidem quando o corpo do Papa será levado para a Basílica de São Pedro. Também devem zelar para que não se façam imagens do Papa 'se não estiver vestido com os hábitos pontificais'.

O camerlengo é quem tem que assumir a tarefa de destruir o anel do Pescador, utilizado desde Eugênio IV (1431-1444) com o selo que dá autenticidade aos documentos papais.

O anel é de ouro e pesa mais ou menos 38 gramas, tem o gravado o nome do Papa que o usa e leva em relevo uma figura de São Pedro, pescando em um barco. O Papa é enterrado com outro anel, de uso comum e de ouro liso com algum camafeu ou gema lapidada, na mão direita.

Em grandes cerimônias, o Pontífice usa outro anel, que é passado de um papa para outro. O atual foi encomendado por Pio VII nos primeiros anos do século XIX.

Os ritos do funeral demoram nove dias. Antes do sepultamento, o corpo do Papa é depositado dentro de três ataúdes, colocados um dentro do outro.

O exterior é de madeira polida de olmo, o do meio é de chumbo e o de dentro é de madeira de cipreste, considerado inexpugnável e forrado com veludo carmesim.

Antes de se fechar o ataúde, que normalmente se faz na Basílica de São Pedro, se introduz um pergaminho onde estão escritos, em latim clássico, uma relação dos feitos mais destacados do Pontificado.

Também se coloca junto ao cadáver três bolsas de cordovão (pele curtida) de cor roxa com moedas de ouro, prata e cobre cunhadas durante o seu Pontificado.

Os caixões de cipreste e de chumbo depois de fechados são amarrados com cordões de seda, cujos extremos são unidos com uma cera derretida onde o cardeal camerlengo imprime o escudo de armas do Papa.

Os papas são tradicionalmente enterrados na Basílica de São Pedro, a não ser que em seu testamento tenha estabelecido outro lugar.

Especulações

O coração do Papa João Paulo II poderia ser enterrado na Cracóvia, cidade polonesa onde nasceu o líder religioso. A informação foi publicada na edição de domingo do jornal "Gazeta Wyborcza".

De acordo com o jornal, representantes da igreja da Cracóvia e o secretário pessoal do Papa, o arcebispo Estanislao Dziwisz, negociaram um acordo para que o corpo de João Paulo II seja enterrado no Vaticano, seguindo a tradição papal, mas o coração seja levado a seu país natal.

O Papa pode decidir onde quer ser enterrado, mas a decisão ainda não foi anunciada pelo Vaticano.

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