LONDRES - Um documentário televisivo sobre um ramo da cabala, a forma mística de judaísmo que tem a cantora pop Madonna entre seus seguidores, vai mostrar uma figura de alto escalão no grupo dizendo que os judeus morreram no Holocausto porque não seguiam os ensinamentos da seita.
O programa, que vai ao ar pela BBC na noite desta quinta-feira, também mostra integrantes do Kabbalah Centre de Londres tentando vender a uma repórter disfarçada vidros de água "curativa" que, segundo eles, era capaz de ajudar a curar câncer.
John Sweeney, que fez o vídeo com a ajuda de três repórteres que se fizeram passar por pessoas comuns interessadas no grupo, disse que o documentário vai lançar uma luz nada elogiosa sobre o Kabbalah Centre, em Londres, que faz parte de uma rede internacional de centros semelhantes encabeçada por Philip Berg, de Los Angeles.
- O filme é uma denúncia devastadora - disse Sweeney. - A visão que se tem é normalmente que o Kabbalah Centre é um modismo de Hollywood, uma coisa meio tola, passageira. Mas estivemos com mais de 20 ex-membros, todos os quais disseram que é uma seita perigosa - acrescentou.
De acordo com a BBC, o documentário vai mostrar um dos líderes do Kabbalah Centre dizendo: "Vou lhe contar mais uma coisa sobre os 6 milhões de judeus mortos no Holocausto: o problema era que a luz estava bloqueada. Eles não usavam a cabala".
O centro negou-se a comentar o documentário antes de ele ir ao ar, mas, em comunicado à imprensa, declarou: "A cabala vem sendo retratada de maneira equivocada, há milênios, por alguns membros da comunidade interessados em desencorajar outros de estudar sua sabedoria".
O Kabbalah Centre disse que dá as boas-vindas a pessoas de todos os credos e as convidou a saber mais a seu respeito numa sessão a portas abertas marcada para a próxima semana.
Entretanto, declarações vazadas do Kabbalah Centre, que já atraiu alguns dos maiores nomes no showbusiness, vêm provocando a ira de lideranças judaicas que afirmam que a organização distorce os ensinamentos judaicos.
Muitos traçam uma distinção entre a cabala, um ramo do misticismo judaico antigo, e o Kabbalah Centre, que vem atraindo adeptos famosos como Madonna e a atriz Demi Moore.
- Este centro está faturando em cima do nome Kabbalah, ludibriando as pessoas para que pensem que é uma fonte legítima de estudos - disse o rabino Barry Marcus, da Sinagoga Central de Londres.
Comentando as declarações feitas no programa, ele acrescentou:
- É revoltante. É um insulto à memória das pessoas que morreram no Holocausto. É arrogância. Só posso condená-la rigorosamente.
Sweeney disse que o centro ofereceu a uma das jornalistas disfarçadas, que sofre de câncer, um pacote de remédios para a doença, ao custo total de 860 libras (US$ 1.600).
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