SÃO PAULO - A jornalista Rita Bragatto, que participava de uma expedição ao pico do Aconcágua, o mais alto das Américas, quando seu marido, o dentista Eduardo Alvarenga da Silva, não resistiu à fadiga e morreu, passa bem. Segundo informações do Jornal Nacional, ela foi socorrida na sexta-feira por um guia norueguês, recebeu os primeiros socorros na hora e e não teve seqüelas em função das baixas temperaturas. Rita, agora, aguarda por um helicóptero que deverá removê-la do acampamento onde está hospedada.
O corpo de seu marido permanece no local do incidente. Silva teria recebido os primeiros socorros no local, mas não teria reagido, morrendo por volta das 11h. Segundo informações da GloboNews TV, parentes de Rita chegam à cidade de Mendonza, na Argentina, neste domingo.
O dentista e a mulher tiveram acompanhamento de uma academia de medicina esportiva da cidade de Sorocaba quando se preparavam para a aventura, mas fizeram a escalada sem o apoio de guias. A informação é de João Batista Sartorelli, padrasto de Rita. Segundo Sartorelli, o marido dela, o dentista de 40 anos não tinha qualquer problema de saúde.
- Os dois estavam acostumados a fazer viagens de aventura. Até onde sabemos, o Eduardo não tinha qualquer problema de saúde. Os dois tiveram acompanhamento de uma academia durante a fase de preparação, mas viajaram por conta deles, sem guia ou agência de turismo - disse Sartorelli.
Em entrevista à rádio CBN, o jornalista Marcus Vinicius Gasques, da revista "AutoEsporte", que está no Aconcágua com um grupo de amigos e teve contato com o casal de brasileiros antes da tragédia, contou que Eduardo e Rita chegaram ao cume do Aconcágua no fim da tarde de quinta-feira, entre 17h e 18h, e foi vencido pela fadiga, agravada pelo frio e pela desidratação. Embora tenham iniciado a descida, eles não tiveram forças para chegar à base mais próxima e pediram socorro por volta das 23h.
Foram estimulados a continuar, para não sofrer o congelamento, mas não conseguiram e pararam. Na manhã desta sexta-feira foram encontrados desacordados por um guia norueguês, a 600 metros do pico. Clique aqui para ler mais sobre o relato.
O padastro de Rita afirmou ao Globo Online que a enteada está em estado de choque, mas não teve qualquer problema de saúde, como se chegou a pensar, como edema ou aneurisma cerebral. Segundo o padrasto, Rita passou mal por causa da baixa temperatura e não precisará ser levada ao hospital quando deixar a região do Aconcágua.
- As informações que temos da Embaixada brasileira são de que ela está bem, mas ainda muito chocada. Nos informaram que eles já tinham alcançado o pico e começavam a descer quando passaram mal - disse ele.
Segundo Sartorelli, o casal viajou no dia 20 de dezembro e deveria retornar ao Brasil na semana que vem, depois de concluída a aventura.
- A última vez que falamos com os dois foi antes do Natal - afirmou.
O casal já tinha feito viagens à Bolívia e à Patagônia e tinha um vasto currículo de viagens de aventura, com montanhismo, travessias, exploração de cavernas e mergulhos.
Em sua página na internet, Rita escreveu um texto sobre a aventura no Aconcágua. Disse que a preparação para a escalada foi feita com muito rigor: "Mesmo pela Rota Normal, estaremos expostos a temperaturas de até 35º C negativos, tempestades de vento que atingem 90km/hora e freqüentes nevascas. Isso sem falar nos efeitos do mal da montanha (dor de cabeça, sangramento do nariz, enjôo, taquicardia, insônia e até mesmo o temido edema cerebral) que só aumentam, dentro deste cenário de baixa pressão atmosférica e frio intenso. Não é à toa que chegam ao cume do Aconcágua somente 30% das pessoas que tentam, por temporada, conquistá-lo". Ao fim do texto, ela acrescentou: "Quem sobe o Aconcágua é um privilegiado. Quem chega ao seu cume é um eleito".
O acidente faz lembrar a tragédia que vitimou três alpinistas brasileiros que tentaram escalar a face mais difícil da montanha e que morreram em 1998. O líder da expedição, Mozart Catão, e os companheiros Alexandre Oliveira e Othon Leonardos morreram ao tentarem escalar a face sul do Aconcágua. Em 31 de janeiro daquele ano, eles partiram para a subida final, alcançando 5.300 metros. Ali, previram que, em dois dias, chegariam ao topo. Porém, em 2 de fevereiro, o tempo piorou e eles tiveram de parar. No dia 3 , às 20h, ocorreu uma avalanche. Mozart, que não estava preso por cordas, foi arrastado. Alexandre, que estava amarrado, ficou preso numa saliência da montanha e também morreu. Othon ainda manteve contato com a base por duas horas e meia, até não mais responder aos chamados.
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